#Nos40DoSegundoTempo

A amizade e o porco espinho

Tempos difíceis em que vivemos, não é mesmo?! Todos temos razão e ninguém se entende – minha última postagem no Facebook que o diga – enfim, as relações humanas são complicadas pra cacete, de uma maneira geral e irrestrita.

Escrever é um árduo desafio. Passar a sua verdade e sua opinião sem ofender o outro é tarefa hercúlea. Somos mal interpretados e, corremos o risco do “linchamento” virtual, mesmo quando usamos do nosso direito a livre expressão e a livre manifestação de pensamento. Ok, quer trazer seus contra-argumentos, seja bem vindo, mas não esqueça a sua educação em casa. Não sou obrigada a aturar seu destempero gratuito e grosseiro sobre a minha escrita.

Quem não compactua com seus valores e a sua opinião, deveria ao menos respeitar seu espaço. Somos múltiplos. Não existe unanimidade, até porque, parafraseando Nelson Rodrigues “Ela é burra”. Não acredito em verdade suprema, acredito em empatia e compaixão. Me esforço diariamente pra entender que mesmo aquela opinião mais divergente é fruto de uma bagagem e vivências familiares daquela pessoa. Somos o resultado do que vivemos quando crianças e adolescentes. Portanto, nossas estórias são diferentes.

Agora, vocês devem estar se perguntando e o que o porco espinho tem a ver com todo esse papo politicamente correto?! vou começar minha explicação pela frequência quântica. Estava eu viajando, parei em uma papelaria daquelas que fazem meus olhinhos brilharem, sou capaz de ficar horas olhando os cartões, as canetinhas coloridas e todo aquele universo lúdico. Foi quando eu encontrei no meio de uma prateleira algumas caixinhas de músicas tamanho pétit.

Óbvio, eu até pensei “eu quero”, mas meu impulso foi pensar em algumas amigas. Eu achei que seria uma lembrança meiga, afinal quem não gosta de uma caixinha de música?!

Na volta, assim que eu encontrei com a minha amiga (aquela em quem eu havia pensado na hora da compra), entreguei meu pequeno pacotinho, seu sorriso e sua emoção foram tão grande, muito maior do que a expectativa que eu nutria pelo presente dado à ela, fui eu quem acabou ficando ainda mais surpresa.

Ela olhou pra mim e disse;

 “Você conhece a fábula do porco espinho?!” - 
“Não,Katarinaaa, me conta!!!”.

“Durante a era glacial, muitos animais morriam por causa do frio.
Os porcos-espinhos, percebendo a situação, resolveram se juntar em grupos, assim se agasalhavam e se protegiam mutuamente, mas os espinhos de cada um feriam os companheiros mais próximos, justamente os que ofereciam mais calor.
Por isso decidiram se afastar uns dos outros e começaram de novo a morrer congelados.
Então precisaram fazer uma escolha: ou desapareciam da Terra ou aceitavam os espinhos dos companheiros.
Com sabedoria, decidiram voltar a ficar juntos.
Aprenderam assim a conviver com as pequenas feridas que a relação com uma pessoa muito próxima podia causar, já que o mais importante era o calor do outro.
E assim sobreviveram.

Moral da História:

O melhor relacionamento não é aquele que une pessoas perfeitas, mas aquele onde cada um aprende a conviver com os defeitos do outro, e a valorizar suas qualidades”

Lindo, não é mesmo?!

Sem eu saber e diante de tantas outras opções de caixinhas de músicas, eu, justamente escolho aquela em que o significado é puro amor e aprendizado. Isso se chama entrelaçamento quântico.

Na física, sua definição em relação às pessoas é a seguinte – Quando você e seus amigos estão rindo juntos de uma boa piada, não são apenas as suas risadas que estão sincronizadas: suas atividades cerebrais também.

Um estudo da Universidade Aalto e do Centro Turku PET na Finlândia descobriu que quando as pessoas compartilham qualquer forte estado emocional, seus corpos e cérebros processam de maneira similar; eles sincronizaram.

Conviver em bando não é fácil, mas quando radicalizamos nosso discurso, quando a nossa verdade se torna absoluta, a convivência é caótica. Perdemos nosso poder de sincronicidade.

Perdemos nossos amigos…

Ficamos sozinhos

Amigos deixam de ser amigos quando os espinhos ferem, mas todo mundo tem seus espinhos e seus dias de “espinhuda”, ora, não tem como viver sem eles, fazem parte de todos nós. Por isso, vamos usar nossa sabedoria e compaixão, não dá pra perder amigo por conta de ideologias, (claro, exceto ideologias que compactuem com o racismo, o machismo, a xenofobia e por aí a fora).

Aceitar que seu amigo tem seus dias, aceitar que ele não quis te ofender, entender que o que ele disse, fala muito mais à respeito dele do que na verdade sobre você. Não, não é fácil, mas é possível.

Que a fábula do porco espinho, te inspire a perdoar e aceitar um amigo ou a si próprio.

Como desmamar uma mãe?!

Isso mesmo, vocês não leram errado, estou falando de “desmame” materno, justamente o inverso do infantil. Não entendeu nada (óbvio), isso é uma figura de linguagem, mas que cabe tão bem no meu post de hoje. Você nem imagina, mãe.

Tenho dois filhos, amamentei os dois. O mais velho simplesmente largou o peito de um dia para o outro. A mais nova eu desmamei aos poucos antes de fazer uma viagem. Meu pediatra na época me dava conselhos e, eu tinha sempre a opinião de uma mãe que, já havia passado por essa fase pra me aconselhar.

Agora, quem aqui sabe como eu vou me desmamar deles?! meus “pequenos” jovens filhos que cresceram e estão saindo pelo mundo. Alguém com alguma simpatia boa, uma receita infalível, conselho ou informação privilegiada pra repassar para esta mãe que vos escreve?! hum?!

Eu sempre escutei falar sobre um provérbio, na verdade eu nem sei bem de quem é, mas dizem que é do Dalai Lama, ele fala o seguinte “Dê a quem você ama: asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar”. Lindo, né?! NÃO, não mesmo. Corte as asas de seus filhos agora, ainda dá tempo!!

Passamos a vida incentivando os filhos a voarem longe, o céu é o limite, falamos da satisfação em alcançar os mais altos e impossíveis sonhos enquanto se é jovem, ousado e com uma vida inteira pela frente. Enfim, enfiamos um monte de desejos inconscientes e outros conscientes, até que, de repente o filho pega a mala e vai embora, vai buscar tudo aquilo que a gente sempre repetiu como um mantra.

E nós mães, como ficamos?! eu acabo de levar a minha caçula para morar no exterior. Ela foi fazer College (faculdade) ou seja, leia-se 4 anos de curso. Estou feliz por ela, muito. Estou triste por mim, muito.
Não vou mentir, não estou preparada em cruzar pelo quarto vazio dela, não estou preparada em ficar sem dar broncas diárias nela, não estou preparada pra não fazer a nossa fofoca na cozinha no final do dia, não estou preparada para não ter companhia na manicure, não estou preparada em ficar sem os palpites fashions dela, não estou preparada para não levar chá a noite pra ela…quanto despreparo.

Enfim, por mais que, conscientemente eu saiba do valor desse passo na sua vida, minha filha, meu coração não sabe ainda, aliás ele nem faz ideia o porquê está sofrendo tanto. O fato é: ele vai sofrer, ele precisa sofrer, ninguém gosta, mas as eu vou sofrer como qualquer outra mãe nessa situação, mães sofrem. Não tenho como passar por cima dos meus sentimentos, já sou uma chorona por natureza, então esses próximos meses serão de aprendizado e várias lágrimas escorridas.

"Faz parte do "desmame", daquele que um dia eu fiz neles, 
hoje sou eu que faço em mim..."

Vai ser um trabalho árduo entre razão e a emoção. Mas a palavra de ordem será – superação – tanto pra mim, quanto pra ela em sua nova vida. Estamos em fase de adaptação, ela se virando sozinha, eu deixando de ser a responsável direta por ela, principalmente no que diz respeito a questões básicas; como alimentação (comida).

Eu não estarei ao seu lado pra levar um lanche quando a fome bater. Eu que dava o meu peito pra matar a sua fome, agora estou a quilômetros de distância (7,681 Km), sem saber se ela almoçou ou não. Esses instintos básicos da maternidade estão tão aflorados em mim, mesmo quando não estamos mais falando à respeito de crianças pequenas.

Amanhã, eu vou olhar pra trás e me sentirei mais aliviada, nada é tão definitivo nessa vida, a mãe que existe e resiste bravamente dentro de mim vai acabar se acostumando em não ser tão necessária na vida dos filhos. Minhas emoções vão se acalmar, meus sentimentos serão construtivos e a nossa simbiose um dia vai acabar.

A minha filha sempre será minha filha, fato inexorável, mas a vida é dela, não minha. E, eu sempre estarei esperando você com um chá na mão, antes de dormir pra a gente bater aquele papo entre mãe & filha.

Ps: Ainda estou aceitando sugestões, obrigada!

Workshop – Menopausa

 

Hoje, quando eu acordei, já sabia que durante o meu dia, teria que reservar um tempo para eu me concentrar, logo mais faria um workshop sobre um tema tão presente na minha vida – Menopausa – junto das minhas fiéis companheiras Dra Elaine (minha endocrinologista) e Ju Ozaka (minha esteticista), juntas – #Nos40DoSegundoTempo – nós 3 teríamos a tarefa de dar um apanhado geral sobre o tema, para uma platéia muito especial.

Nada mais, nada menos que as atrizes e a produção da versão brasileira do musical da Broadway que, traz justamente, o tema do meu momento tão particular e de outras tantas mulheres. Foi numa conversa informal e muito descontraída, afinal falar sobre a Menopausa nossa de cada dia, deve ser um assunto (apenas) sobre uma fase específica na vida de cada mulher e, não mais um tabu, como foi no passado, onde essa palavra causava arrepios e resignação em muitas de nós.

Menopausa muitas vezes está associada à velhice. Fato. Todas nós envelhecemos, outro fato, mas a Menopausa na realidade marca o fim da fase reprodutiva feminina. Assim como na menstruação que marca o início, essa marca o término. Ok! Essa é a narrativa. Na realidade passamos por um turbilhão de emoções.

E, foi esse o meu gancho pra tentar mostrar que a narrativa dessa fase anda em descompasso com os nossos sentimentos. Como mulher somos cobradas a exaustão para nos mantermos jovens e atraentes, nossa, “Existe tarefa mais árdua que essa?!”. Isso significa o mesmo que pedir para um cachorro filhote continuar filhote pro resto da vida, caso contrário, ele perde a graça e, pode ser abandonado pelo seu dono. “Parece cruel né?!” mas porque a nossa sociedade permite que isso aconteça com nós mulheres?! Aliás, porque permitimos esse comportamento da sociedade?! eu acho que passou da hora de juventude ser dissociada de beleza, assim como a velhice ser associada a invisibilidade feminina.

Somos condicionadas a perseguir a juventude eterna e, quando a Menopausa bate à nossa porta, lá vem o baque e a pergunta que não quer calar “O que eu faço?!”. Nada colega, apenas aprenda a conviver da melhor maneira possível com essa “intrusa” inconveniente. Não ceda as pressões externas para se opor a natureza. Será uma tarefa hercúlea e ineficaz. O caminho para uma vida “menopausada” com equilíbrio é o autoconhecimento. E, a aceitação do inevitável.

Toda fase (no fundo) tem seu lado bom, o da Menopausa é ligar o foda-se. É, não dar tanta importância para os outros e suas opiniões. É, saber rir do que um dia funcionava com precisão e, hoje não mais. Ninguém está falando pra entregar os pontos, acabou, estou falando de liberdade. De olhar pra si própria, de se conhecer a fundo até saber aonde se deve ir e como pra enfrentar a Menopausa e tudo que ela traz consigo da melhor maneira possível.

Hoje passado um ano da minha “sentença de morte”, vejo o quanto subestimei a mim e superestimei a Menopausa. Nada foi tão difícil que eu não consegui dar um jeito, como também nada foi definitivo que eu não tivesse ajeitado a meu favor. São novas situações e novos aprendizados.

Nos dias de hoje, temos informações e tratamentos para melhorar a nossa qualidade de vida, não precisamos sofrer, não precisamos nos entregar, precisamos é nos acostumar e reverberar pra sociedade que, uma mulher na Menopausa não precisa se esconder, ela precisa ser aceita, porque não tem nada para aceitar, ela precisa se sentir otimista ao invés de se sentir pessimista.

Um ponto muito interessante debatido durante o workshop foi que, a peça da Broadway retratava as mulheres na Menopausa de uma forma como se elas fossem caricaturas de si mesmas, como mulheres velhas falando de seus problemas. Não, mulheres mais velhas não são caricaturas de si mesmas, somos mulheres de meia-idade, maduras que precisam de apoio, um olhar carinhoso e principalmente, espaço para debater todas essas questões. Nada de “sentença de morte” ou deboche. Menopausa não é contagiante, Menopausa é um estado de espírito. Use a seu favor.

E, assim como um mantra, eu repito e grito para quem quiser ouvir (ou não) “Eu estou na Menopausa, bebê”. FIM.