Se eu assisto filmes de terror?! não, raramente morro de medo. Tenho pânico só de ver o trailer do filme. Admiro pessoas que assistem e gostam, mas comigo não jacaré. Vai que depois na hora de dormir eu fico lembrando e pensando nele, um horror, me lembro quando assisti “I see dead people” e fiquei morrendo de medo de ir no banheiro a noite. Aliás, quando eu era criança assisti os clássicos “Sexta-feira 13″ e ” Fred Krueger”, quase tive um ataque de pânico, eles foram o terror da minha infância.

Ok, esses são medos reias, aqueles em que eu consigo identificar ou pelo menos consigo sentir, afinal toda vez que eu assisto um filme desse tipo, meu corpo libera os tais hormônios ligados ao estresse. Com isso, se um leão entrar na minha casa, meu corpo reage primeiro, em segundo eu saio correndo. Fisiologia, afinal aqui também tem cultura.

Agora, e aquele medo irracional?! um medo que não sabemos ao certo. Muitas vezes conseguimos até classificar, como por exemplo “tenho medo de mudar de trabalho”, até aí tudo bem, mas quando esse medo te paralisa?! quando ele te impedi de andar pra frente?! desse medo, muitas vezes nós não temos ciência da sua origem.

Se eu pedir pra você escrever num pedaço de papel, quais são os seus medos, pode ser qualquer coisa, desde medo de bichos até medo de andar de avião, o que você escreveria?! faça esse teste. Escreva e depois tente analisar seus medos, claro com a ajuda de alguém com uma base profissional fica muito mais fácil, mas tente mesmo assim, pelo menos dê nome aos bois (medos).

Talvez você se surpreenda com o que esta escrevendo. Nossa narrativa muitas vezes esconde o que está por trás, o nosso verdadeiro medo – o medo obscuro. Se eu falar que tenho medo de envelhecer, pode ser que na verdade eu tenha medo de ser abandonado, sozinho e desamparado. Dentro da minha estória de vida, se eu for acessar as minhas lembranças, muito provavelmente eu tenha tido uma passagem onde isto aconteceu e, quando eu cresci, acabei trazendo essa sensação pro meu presente. Não, muitas vezes eu não tenho consciência dela, mas toda vez que eu me vejo em uma situação parecida, o meu corpo sente imediatamente aquela “velha” lembrança/sensação, com isso o medo volta à tona.

Não sei se estou muito prolixa com todo essa papo sobre medo consciente/inconsciente, mas são nos exemplos que reconhecemos e visualizamos melhor eles. No meu caso, sempre tive uma sensação de “pressa”. Vou explicar melhor, quando eu ficava longe de casa por muitas horas seguidas, de repente é como se o meu corpo começasse a me avisar que eu precisava voltar, que estava na hora de estar de volta a minha casa. Uma ansiedade me batia, uma urgência de sair correndo do lugar onde eu estava, enfim eu sempre saia. Acabava voltava pra casa. Muitas vezes, pra não fazer nada, apenas voltar.

Conversando com a minha coaching sobre isso, fui buscar respostas lá trás, no meu passado. Quando eu era pequena, esse era o horário (o fim da tarde) onde eu voltava da escola, os meus pais chegavam do trabalho, enfim tudo deveria estar em ordem, arrumado, lição feita, essas coisas normais que são  de certa maneira normais. Não vou entrar no mérito da minha questão pessoal (buraco é sempre mais em baixo), mas essa sensação me acompanhou por toda vida e eu não tinha NUNCA me dado conta que era relacionada a um momento do meu dia a dia. Foi depois de ter entendido que, na verdade eu era “viciada” nessa sensação, sim, eu acabei viciada mesmo ela sendo uma sensação desconfortável, mesmo ela me atrapalhando, sim, a gente pode se acostumar com o que não gostamos, com o que não nos fazem bem, chamamos isso de Zona de Conforto, pode parecer irônico, mas existe zona de conforto até mesmo pro medo ou pro lado negativo.

Enfim, pra resumir todo esse medo e a sensação que ele me trazia, foi quando eu me dei conta de tudo isso que eu passei a me monitorar, policiar pra me livrar dele. Ou seja, toda vez que a sensação chegava, eu primeiro batia um papo com ela, antes de entrar na “pressa” e voltar correndo. Explicava para a minha mente, que isso não era bom pra mim. Com o tempo e algum trabalho de controle do medo, a sensação foi diminuindo, eu passei a não ter essa “pressa” ou urgência pra voltar pra minha casa, eu consigo me acalmar hoje em dia. Claro, pode parecer simples, só dominar a emoção do momento, mas não é – bater um papo amigo com a nossa mente e ressignificar todo um passado não é de uma hora para outra. Alterar a nossa percepção, trazendo ela para a realidade, nem sempre é fácil – leva um tempo.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *