A internet nos deixa informados, mas é na convivência com os adolescentes que a gente se surpreende pela rapidez com que as notícias chegam pra essa turma, não é?! quem tem essa “espécie” em casa, sabe bem do que eu estou falando e, foi por causa dela que eu ouvi falar da série do momento da Netflix, que esta causando pelo mundo.

Já ouvi críticas, mas a grande maioria aprovou a série. E porque eu resolvi falar sobre ela?! não sou adolescente, nem dada a assistir essas séries e sagas intermináveis como eles, porém, eu simplesmente virei uma noite, deixei de ir na ginástica no dia seguinte pela manhã, só pra assistir os 13 episódios. Gostei ou não?!

Todo assunto que de alguma maneira nos toca profundamente, porque já passamos por ele em algum momento – seja na própria pele ou na pele dos nossos filhos – ou porque, simplesmente criamos uma empatia pela situação alheia, acaba nos despertando a uma reflexão. A série trata de assuntos tão atuais, eu diria até endêmicos, afinal bullying, solidão, assédio, slut-shaming, violência contra mulher e suicídio são problemas reais e na minha opinião pouco debatidos entre os jovens.

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13 reasons Why conta a história de Hanna Baker, uma adolescente que se vê envolvida em uma séries de situações que culminam com seu suicídio. Porém, antes de morrer, ela descreve toda a sua dor, angústia e agonia em 13 fitas cassetes, que serão distribuídas para todos aqueles que de alguma maneira, seja direta ou indiretamente foram os responsáveis pelo seu ato dramático.

Logo no primeiro episódio, a primeira situação é a que dá início a todo o seu calvário. Tudo por conta de uma simples foto, impressionante como as coisas podem ter uma conotação tão equivocada, afinal (a foto) registra apenas um momento, não registra um diálogo, o sentimento vivido, nada e, foi por isso que me fez lembrar da famosa foto do fotógrafo Kevin Carter, em 1993, no Sudão. Quem não se lembra da foto devastadora de um menino faminto a mercê de um abutre?! a foto mostra toda a miséria, o abandono, a crueldade, a fome, mas a cena não mostra a verdade por trás dela.

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Ganhador do prémio Pulitzer, a foto rodou o mundo e com isso, uma avalanche de acusações invadiram sua vida, acusado de desumano por não ter feito nada e de só se importar com a foto, sua “frieza” foi massacrada pela opinião pública, Carter não suportou a dor, se entregou as drogas até cometer o suicídio. Mas o que todos não sabiam é que, o menino da foto não só sobreviveu, como se ampliada a foto, podemos ver uma pulseira em seu braço, esta significa que ele estava sendo tratado pela ONU, com as iniciais T 3 – desnutrição severa – os pais da criança estavam por perto, buscando alimentos doados.

Tudo isso, pra dizer o quanto somos precipitados em nossos julgamentos. Como podemos destruir a imagem de uma pessoa tão facilmente, agora imagine destruir a image de um adolescente, que patina entre questões de autoestima, aceitação, conflitos familiares, violência, drogas, sexo, problemas na escola e por aí a fora.

A série retrata todos esses problemas de uma maneira real, honesta, aponta para todo esse desconforto e deixa a dúvida, alguém poderia ajudar Hanna?! aonde estavam as pessoas que não perceberam seu sofrimento?!

Todo esse tormento pelo qual a personagem passa, me faz perguntar e analisar o quanto sabemos de nossos filhos adolescentes?! seria a escola a responsável direta por todo essa questão?! o quanto ela conhece das relações de seus alunos?! afinal, é nela que o bullying começa, avança e se desenrola. Quanto um adolescente é capaz de sobreviver, a tamanha pressão dentro do ambiente escolar?! por isso, a minha maratona foi intensa, assistir a essa série, me fez reconhecer como aluna de uma época onde essa palavra bullying não existia e ao mesmo tempo, reconhecer meus filhos adolescentes vivenciando o bullying em suas relações de uma maneira tão intensa, realmente foi muito impactante.

Se você é mãe, pai, assista 13 reasons why, como diz um de seus lemas “Ninguém sabe com certeza, o quanto pode impactar a vida dos outros. Certamente, não temos ideia. Ainda assim, continuamos agindo da mesma maneira”.