#Nos40DoSegundoTempo

De bike por Berlim

Moro em São Paulo, cidade onde andar de bicicleta é sinônimo de lazer, (principalmente) aos domingos pra uma galera animada. Já euzinha, nunca tive essa vontade de andar de bike pelas ciclofaixas daqui de maneira recreativa, muito menos para o meu meio de transporte. Na verdade acho que, andar de bike para a minha locomoção, eu precisaria morar em outra cidade, uma bem menor, sem ladeiras (do tipo plana), ciclovias que ligassem todos os cantos da cidade, que os motoristas respeitassem e colocassem os ciclistas como prioridade, enfim aqui a gente sabe que não é bem assim, mas em Berlim, é assim.

Por isso, eu criei coragem e fiz da bike o meu meio de transporte pela cidade nos dias em que eu estive por lá. Conheci Berlim pela primeira vez no inverno, dessa vez era verão, ou seja conheci uma nova cidade. Impressionante, como essas cidades onde o inverno é bem rigoroso se transformam completamente no verão. O clima é de liberdade total e a minha bike foi providencial. Eu e o Beto, não fizemos nenhum roteiro prévio do que iríamos fazer nessa viagem, afinal como já tínhamos feito toda essa parte turística/cultural, dessa vez decidimos que faríamos o que desse na nossa telha. Deu vontade de ver, víamos, deu vontade de fazer, fazíamos, deu vontade de comer, comíamos.

O primeiro dia de bike foi um exagero, só. Acho que andei mais do que já andei na minha vida toda de bicicleta (isso inclui a minha infância, ok). Juro, eu sei que sou um pouco exagerada, mas andamos como dois loucos por Berlim. A cidade ajuda muito. É ciclofaixa por todos os lados, tudo retinho, uma educação e um respeito pelo ciclista que me fez pensar “Como seria viver num lugar assim de primeiro mundo?!”, confesso que isso me deu uma certa invejinha dos berlinenses, mas enfim aproveitei até as minhas costas arderem de tanto andar de bike.

Nosso primeiro grande desafio foi encontrar o Castelo de Charlottenburg, depois de algumas horas e muito Google Maps auxiliando nossa rota, finalmente chegamos. Mas havia um detalhe que nós dois não nos preocupamos em saber antes, era segunda-feira, ou seja o castelo estava fechado – por favor, usem vossas imaginações para a minha onomatopeia – sniff sniff . Se não tem tu, vai tu mesmo, nosso passeio não foi em vão. Os jardins do castelo valeram por todo o nosso esforço e suor. Simplesmente, maravilhoso. Na verdade atrás do Palácio de Charlottenburg, há um pequeno jardim barroco e depois é que vem o parque – O Schlosspark – que remonta ao século XIX, ele foi projetado ao estilo inglês, com um lago artificial e jardins à beira do rio. Fica na Spandauer Damm.

Como escurece tarde, aproveitamos pra andar de bike até o anoitecer. Fizemos muitos passeios, um dos meus preferidos foi andar pela beira do Rio Spree, onde a galera costuma ficar sentada, tomando sol, conversando e aproveitando a vibe do lugar – do tipo, ouvir um violinista tocar música clássica. Andar por Berlim é relativamente fácil, ainda mais nos tempos de hoje, onde todo mundo vive conectado na internet. Conferir uma direção correta, fazer uma pesquisa rápida, procurar um restaurante, não demora mais que um minuto, tudo se resolve pelo celular, aliás comprar chip de internet é a primeira providência em uma viagem.

Tenho certeza que, dessa vez visitámos inúmeros lugares, tantos novos quanto velhos, ou melhor lugares que já havíamos ido, mas queríamos voltar e lugares que nunca tínhamos ido e, fomos pela primeira vez, tudo por conta da bike. Otimizamos o nosso tempo andando pela cidade, ir de um lugar para o outro foi bem mais rápido e muito mais prazeroso – afinal, o fator vento na cara era a minha mais nova sensação do momento – definitivamente foi uma experiência ímpar. Os ciclistas de Berlim mais se parecem com enxames, eles convivemos em harmonia com os motoristas, óbvio existem regras para virar à esquerda ou para à direita, atravessar a rua de um lado para o outro, aguardar o sinal ou passar entre os carros, mas tudo é devidamente organizado. Então, não me restou outra alternativa, desse jeito ficou impossível andar pela cidade de outra maneira que não fosse de bike, isso sem contar que eu aproveitei e me exercitei, meus carboidratos e minhas taças de vinhos agradecem o descarte ecológico de calorias.

Praia do Futuro

Semana passada tive o prazer de assistir a uma sessão de cinema, apenas para a imprensa, blogueiros e afins, de “Praia do Futuro”, do diretor Karim Aïnouz, com direito a coletiva de imprensa na sequência, o que me deixou muitíssimo feliz afinal de contas iria ver ao vivo e a cores um dos atores que eu mais admiro o Capitão Nascimento, ops, o Wagner Moura.

O filme gira em torno de 3 personagens principais: Donato, vivido por Wagner,  Konrad vivido pelo alemão, Clemens Schick e Ayrton, vivido pelo cearense Jesuíta Barbosa.

coletiva de imprensa

Uma história densa, melancólica, silenciosa na maioria da cenas, mas muito intensa na interpretação dada pelo seus personagens, que passa entre o Ceará e Berlim. Quem espera ver Wagner Moura viril, como já o viu no passado não irá se decepcionar, o bombeiro foge de qualquer estereótipo homossexual, e sob aplausos, diz que o que faz parte da vida é de fórum intimo de cada um, e afirma que isso “Não deva ser assunto para os outros”.

Já Clemens responde a uma das perguntas (recorrentes) da plateia, neste mundo em que vivemos “Como é fazer um personagem gay?!”, onde ele responde com uma reflexão, “Porque nunca fazem a pergunta ao contrário, como você se prepapra para fazer um personagem heterosexual?!”, e afirma sobre as cenas de sexo, que são várias na sua carreira “Não é a coisa mais difícil de se fazer como ator”.

Sobre a dificuldade da língua, Wagner afirmou que a professora tinha certeza que em dois meses ele falaria alemão, mas que na verdade…“Não ía saber falar alemão”, inclusive em uma cena grande com a mergulhadora, sua fala foi totalmente cortada, resultado, “Ficou nada”. Risos.

Para encerrar a coletiva, Karim termina com uma frase “Eu quero dominar corações e mentes”,  sobre o tom do filme, ele ainda afirma que neste sentido é o seu filme mais ambicioso. A música hoje é um plus a mais neste neste filme, antes no passado na sua visão era coisa de americano, mas agora dessa vez “chutei o balde, nessa eu queria trilha, arrebatadora, odeio instrumento de sopro, queria música masculina”.

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Confira o trailer do filme:

Coletiva de Imprensa

Fotos: Divulgação

 

Berlim – Boros collection

Passar o Ano Novo no Portão de Brandemburgo com sua família não tem preço (acho que isso é de alguma propaganda?!!) mas, o melhor foi descobrir a cidade de Berlim. Ficamos encantados pela cidade, que exalava história por todos os lados.

Tivemos a sorte de contratar um guia alemão, o Thomas, que falava, vejam vocês… Português! Seu trabalho agregou à nossa viagem outra dimensão — nada como conhecer um lugar com alguém local — um dos lugares que me encantaram foi o Boros Collection, uma coleção de arte contemporânea de Christian e Karen Boros.

A coleção fica permanentemente instalada num antigo bunker de 1942, que levou anos sendo reformado para poder acomodar toda a obra dos colecionadores. A visita é guiada e com hora marcada (muito concorrida, agende sua visita com meses de antecedência), no último andar você ainda encontra a Penthouse, que foi construída para acomodar os ilustres proprietárioS.

 

Entrada principal do Bunker

Anselm Reyle, Life Enigma, 2008

Santiago Sierra

Bojan Sarcevic, peplace the Irreplaceable, 2006

Antigas instalações

 

 

Fotos: Reprodução/DQZ