Lá na década de 90, Eu, LuMich fui uma estudante de teatro. Minha familiaridade com as máscaras do teatro grego me deram a possibilidade de criar personagens por trás delas. Pra quem não sabe, as máscara surgiram nas festas dionisíacas e, em seguida, foram incorporadas aos principais gêneros de peças daquela época: a tragédia e a comédia.

Um detalhe crucial do teatro com máscaras era que, mulheres não podiam participar das encenações. Sorte a minha, não ter nascido naquele tempo, o machismo abortava a arte feminina. Mas, como eu não vou me aprofundar no tema do machismo, apenas pontuei o fato, eu vou falar mesmo são das máscaras, mas não exatamente as do teatro e, sim as máscaras da vida real.

 

"Quantas vezes nós usamos máscaras durante o dia?!" 

Não adianta dizer que você não fez escola de Teatro no Macunaíma como eu, porque esse papo não é só para atores e atrizes, estou falando de uma maneira geral. Tá bom, vou explicar melhor com um exemplo meu. Eu não sou uma pessoa tímida (já fui muito, na adolescência), geralmente eu consigo transitar bem por onde eu ando, mas eu não estou imune de situações onde eu não me sinta 100% segura ou confortável.

Enfim, nessas minhas andanças pela blogosfera, logo no início do blog, os eventos aos quais eu passei a frequentar nem sempre eram ambientes acolhedores, rolava sempre uma panelinha aqui e outra acolá. Algumas assessorias ou responsáveis por determinadas marcas nem sempre eram gentis, ok, não dá pra querer ser sempre recebida como se fosse pela Tia-avó fofa ou melhor amiga. Fato.

Nessas ocasiões eu vestia a minha máscara de: blogueira bem resolvida, cheia de personalidade, nem aí pra torcida do Flamengo e, muito menos deixava a peteca cair. Ossos do ofício, afinal ambientes hostis estão por todas as parte. Eu precisava era me defender com o que eu tinha nas mãos, digo no rosto, a minha máscara de blogueira power.

Assim que eu virava a esquina, a máscara da power blogger desaparecia, certo?! certo. Caso contrário eu poderia me confundir e transformar uma encenação necessária e momentânea, em uma farsa pessoal eterna. Cair no famoso “Buraco Negro” da máscara.

Levar a máscara pra casa ou pra vida, apenas mascara o nosso vazio interior. A partir do momento em que ela cola no rosto, perdemos a nossa essência. Desaparece a nossa identidade e o risco de passarmos a atuar permanente é um fato consumado. Não saber quem somos – eu não me refiro ao nome e data de nascimento – é o caminho pra uma vida vazia, cheia de atuações grotescas. Assumimos vários papeis durante a vida, muitos deles para agradar aqueles a nossa volta, somos as filhas obedientes, as mães perfeitas ou as workaholic bem sucedidas, enfim somos ou estamos representando o que esperam de nós?!

A gente idealiza uma imagem lá dentro do nosso ego, de repente, passa a vestir a máscara como se ela fosse de verdade. Eu entendo, muitas vezes estamos perdidos nas nossas questões, como: confiança, aprovação e segurança. É tentador vestir a máscara, mas não se enganem, satisfazer o ego para evitar o sofrimento não funciona a longo prazo. A conta chega. Gosto de pensar que o equilíbrio é a incerteza da vida, afinal a vida é imperfeita, então porque raios queremos a perfeição?!

Em tempos de internet, a tentação do uso das máscaras é cada vez maior. Maior também é a tristeza de cada um de nós. Esse papo de aparências a todo custo, tem um preço muito alto a ser pago. Um pouquinho de compaixão, esse é o melhor remédio pra anular o seu e o meu ego. Vamos ter mais consciência de quem realmente somos e, isso não deve estar ligado a palavra sucesso. O sucesso não é um passe livre pra felicidade. Sobre os meus #40NoSegundoTempo eu posso dizer que, ele veio na hora certa, e trouxe sabedoria e autoconhecimento pra eu me livrar das máscaras que insistiam em colar no meu rosto. Hoje eu sou muito mais livre, as máscaras não me dominam…eu domino-as.