Desde que eu soube que iria para a Grécia este ano, uma ideia fixa adentrou na minha mente, mente esta que eu tento domar diariamente quando sou tomada pelos meus pensamentos negativos. Aliás, se emagrecer dependesse do exercício diário do pensamento positivo + um punhado de autoestima, nada nos deteriam nessa vida, porque ser mulher é travar uma luta diária com seus piores pesadelos/fantasmas estéticos.

Voltando a problemática da viagem, caí na estupidez da comparação, depois de anos na terapia me peguei comparando os corpos de quem iria para essa viagem. Coisa mais I-D-I-O-T-A que eu fiz. Simplesmente, comecei a entrar na nóia e a ter pensamentos de como emagrecer em tempo recorde até, a viagem. Devo confessar bem no íntimo que, a minha vontade de desfilar um corpo fitness pelas areias de Mykonos, sempre foi bem menor do que a minha vontade de me sacrificar tanto gastronomicamente falando, quanto correndo na esteira. Não adianta, faço ginástica por saúde e bem estar. A parte estética sempre foi meu último, dos últimos apelos para entrar diariamente na academia.

Pois bem, dias antes de aterrisar no meu destino paradisíaco, estava eu (ainda que) andando de bicicleta pelas ruas de Berlim, coberta por roupas de verão, devidamente me esbaldando nos vinhos diários a cada refeição, quando começo a ver via Instagram uma parte da turma que, já estava por lá. Fotos de corpos sarados e bronzeados começaram a desfilar no meu feed. Holy Shit, e, eu aqui comendo todos os pãezinhos do couvert.

No primeiro momento pensei, eu não tiro nem a pau o meu caftã na frente dessa turma toda. No segundo momento, comecei a pensar em como isso era bobo, comecei a lembrar das minhas musas que passaram a desfilar suas inseguranças e suas “imperfeições” sem medo, afinal um pedaço a mais de gordura aqui ou ali, o que importa?! quem vai me criticar, que o faça, não dá pra viver se preocupando com o que pensam da gente, sim, porque a minha preocupação estética até aquele momento, era muito mais em relação aos outros, do que a mim mesma. Eu, honestamente não estava me achando isso ou aquilo, tomei como base os outros, uma grande cilada.

Foi então que eu relaxei. Eu tenho barriga, ela não 
é chapada, e, isso não é um problema.

Passei uma vida me incomodando com ela, quanto tempo desperdiçado, quanta energia perdida por conta de um pensamento fixo. O pior é ver que acabamos influenciando negativamente quem esta por perto – minha filha, no caso – dias desses ela me calou, me tirou todos os argumentos da minha boca, foi quando ela reclamou do seu peso e eu disse “Quanta bobagem da sua parte, você está ótima”. Na mesma hora, tomei uma de direita e uma de esquerda “Você sempre reclamou da sua barriga, agora que eu estou reclamando da minha, você fala que é bobagem”. Toma Mãe, não dizem que os filhos aprendem imitando os pais?! se eu não passo confiança pra ela, como posso exigir isso dela?!

E foram, com essas duas experiências que, eu passei a ser mais gentil comigo mesma, e, principalmente com os outros. A tentar me cobrar muito menos, a deixar de me guiar pelos padrões pré-estabelecidos, a passar a admirar também os corpos de outras pessoas que não são exatamente pertencentes a esses padrões. Eu passei a me policiar internamente e me “auto-apontar” quando o meu reflexo imediatamente me diz que alguém é feio, gordo ou inapropriado, isso vale para os outros e também, para mim.

E foi assim, sem medo, sem nóias, que eu tirei uma foto de biquíni de corpo inteiro, devidamente postada no meu Instagram, para a posteridade. Vai ter foto de biquíni, sim senhora! Vai ter desfile pelas areias da praia, também! Viva a diversidade, ninguém precisa de nada para ir à praia, apenas um corpo, e, que, este seja do jeito que for. Simples.

Foto: @juaguiarbraga