#Nos40DoSegundoTempo

O “abominável” feminismo

Sabe amiga, lembra quando você estava infeliz no seu casamento e, tomou a difícil decisão de se separar?! então, tirando todos os percalços emocionais que uma separação possui, foi por elas que, hoje você não seria mais considerada “aquela mulher desquitada”, aquela que seria julgada ao andar na rua pelos vizinhos, pelo bairro todo, aquela que seria vista como párea da sociedade.

Sabe amiga, lembra quando você decidiu que casamento não era pra você, apesar da decepção dos seus pais, foi por conta delas que, hoje você pode tomar essa decisão sem se tornar “aquela que ficou pra titia”, aquela que a família tinha vergonha, ou aquela que a família mandaria de maneira compulsória para se tornar freira.

Sabe amiga, lembra quando você se apaixonou por aquele garoto e, sua vida sexual começou naquele dia, foi por conta delas que, fizeram uma revolução sexual, pra (hoje) os nossos corpos serem livres para transar, caso contrário você teria que reprimir seus desejos ou se, sucumbisse a tentação, se tornaria “aquela vadia” desmoralizada que deixou de ser virgem antes do casamento, matando a sua tradicional família de vergonha.

Sabe amiga, lembra quando você pegou a sua mala e, embarcou para aquela sua viagem dos sonhos com as suas amigas?! Então, foi por conta da coragem e ousadia delas que, num passado recente saíram às ruas com seus gritos de igualdade entre os gêneros e liberdade da opressão patriarcal que, hoje você não está em casa cozinhando pro seu marido e filhos e, sim viajando livremente pelo mundo.

Sabe amiga, todo dia quando você se arruma para trabalhar, saiba que antes de você outras vieram para abrir caminho para nós nos dias de hoje, tornando o ato de sair para trabalhar, tão natural que, você talvez nem se dê conta de quantas outras mulheres no passado não tiveram a sua oportunidade, elas foram obrigadas a abaixar a cabeça e, se contentarem em serem apenas donas de casa.

Sabe amiga, lembra quando você comprou seu primeiro apartamento?! quanto orgulho. Então, tem país na  África onde a mulher ainda nos dias de hoje não pode ser proprietária, sabia?! aliás, lembra também, quando você comprou o seu primeiro carro e passou lá em casa pra me mostrar toda orgulhosa, lembre-se que na Arábia Saudita, apenas em 2018 elas puderam dirigir carros sob supervisão masculina. Essas suas conquistas pessoais antigamente, simplesmente não seriam possíveis. Afinal, quem manda nessas sociedades, adivinhe, são: os homens.

Sabe amiga, quando você foi pra balada e tomou aquele porre e, eu segurei na tua mão e fomos pra casa, se fosse na época delas (daquelas feministas de antigamente, que você adora meter a boca), você estaria ferrada, seu pai estaria parado na porta do baile, puxando os seus cabelos na frente de todos e, provavelmente você só voltaria a sair de casa para a igreja, casando com um homem sem estar apaixonada.

Sabe amiga, hoje a gente pega o nosso título e sai naturalmente pra votar, o que é tão comum hoje, foi por conta daquelas feministas/sufragistas que lutaram (apanharam) bravamente pra você participar do processo democrático e ser uma cidadã do bem. Ainda que, a nossa participação na democracia, seja infinitamente menor ao homem, foi a luta delas que temos o nosso direito de representar e sermos representadas.

“Somente há pouco mais de 80 anos as mulheres brasileiras conquistaram o direito ao voto, adotado em nosso país em 1932, através do Decreto nº 21.076 instituído no Código Eleitoral Brasileiro, e consolidado na Constituição de 1934″.

Sabe amiga, todas essas coisas aparentemente “triviais” e, tantas outras que você acha natural, há pouco tempo atrás não eram. Dá pra acreditar?!!

Você sabe que a maioria da sua liberdade de hoje, veio pela – Segunda Onda Feminista – durante as década de 1960 até a década de 1980?!

Então, veja, você é uma mulher cheia de possibilidades e não sabe, essas possibilidades não caíram do céu, eles foram arrancados do patriarcado a força, a base de luta e muita rebeldia. Mulheres feministas passaram por aqui antes de nós. Não despreze a luta de quem te fez viver de maneira mais livre e mais feliz.

Imagine, por um segundo não ter mais esses “privilégios” adquiridos?!

(se coloque no lugar das mulheres que não os tem?!)

É, pela manutenção desses direitos e pela sua ampliação que, precisamos das feministas, existem milhares de mulheres ainda sem as nossas possibilidades, nossa luta e eterna vigilância precisam continuar, sempre. Não se apague no nome.

Amiga, você não pode continuar acreditando que o machismo seja sinônimo de feminismo, você precisa sair desse relacionamento abusivo chamado cultura do patriarcado, nós somos irmãs, nós somos mulheres, o feminismo não é o seu algoz, ele é sororidade.

Pare, existem mulheres sendo submetidas a todo tipo de violência física, sexual e psicológica todos os dias. Mulheres morrem aos montes pelo crime de feminicídio. A misoginia e o misógino é quem são os verdadeiros inimigos, não as feministas.

Não foram os homens que saíram às ruas por nós! fomos nós, mulheres, que saímos às ruas, nós que corremos atrás da igualdade.

Você não precisa ficar sócia do clube, não precisa andar com a sua carteirinha de feminista, não precisa militar, você precisa apenas validar a nossa luta e o nosso esforço, nós estamos do mesmo lado. Não somos abomináveis criaturas.

Amiga, honestamente eu acredito que falta informação e uma dose extra de boa vontade, pra você entender a importância e as origens do feminismo.

Todas nós ganhamos com o movimento feminista, porque é dessa maneira que avançamos rumo a igualdade. E, nós devemos essa luta por elas que vieram antes, por nós que estamos aqui e, pelas novas gerações de meninas e meninos que certamente, viveram mais plenos e realizados se o mundo não os diferenciar pelo gênero, e sim, pelas suas habilidades, não existe felicidade na opressão.

 

Ilustração: Créditos da imagem: Joan Reilly

Sobre o Carnaval…

Das polêmicas {comportamentais} desse Carnaval, temos ?:::: os peitos “caídos” de Bruna (e, sem silicone), a coleira (anos 90) ”nada original” de Sabrina, os libs “ousados” (nos mamilos) de coração da Cléo. Além, das questões de cunho sociais/antropológicas, como a pergunta sobre o uso do cocar ser ou não uma apropriação cultural dos índios e suas tribos?? se fantasiar de Jojo Todynho não é fantasia é preconceito?! será que o mesmo exemplo, pode ser usado pra quem se fantasiou de Ivete grávida?! Enfim, temos assuntos não é Genthyyyyy?!!! ?

Enfim, vamos falar de MULHERES, da relação do corpo feminino e o Carnaval, deixo as outras questões acima para um próximo post.

**Estou fantasiada de mim mesma, vai que, 
eu desrespeite alguma regra do politicamente correto, né?!

Das polêmicas {comportamentais} desse Carnaval ?:::: os peitos “caídos” de Bruna (sem silicone), a coleira (anos 90)”nada original” de Sabrina, os libs “ousados” de coração da Cléo, usar cocar é apropriação cultural dos índios e suas tribos?? se fantasiar de Jojo Todynho não é fantasia é preconceito?! será que o mesmo exemplo, pode ser usado pra quem se fantasiou de Ivete grávida?! Enfim, temos assuntos não é Genthyyyyy?!!! ? **Estou fantasiada de mim mesma, vai que, eu desrespeite alguma regra do politicamente correto, né?! _________________________________________ #nos40dosegundotempo #mulherde40 #comportamento #papocomportamental #mulherfashion #minhafantasia #falandosobre ? by @joy_imageyou

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Vamos por partes, começaremos por uma pergunta na lata “Que diabos se passa na cabeça das pessoas, em ditar regras sobre as formas em relação ao corpo de outras mulheres?!” Sim, mulheres, porque passa Carnaval, entra Carnaval e, é sempre sobre os nossos corpos femininos que as pessoas falam, reclamam e ofendem sem o menor pudor.
Desde quando foi instaurado um padrão único e absoluto do tamanho e formato dos seios femininos?! Ora pois, os seios da Bruna são perfeitos, simplesmente porque não existe certo ou errado. Se ela não usa silicone ou, se ela não turbinou o tamanho deles, é, porque, ((certamente)) ela esta satisfeita e feliz com eles. E, se não estiver, isso não é da minha ou da sua conta, concorda?!

 Sendo assim, nem eu e nem você temos nada a ver com isso?!

Vamos nos libertar das amarras desses velhos padrões de beleza impostos à nós mulheres, não é mesmo?! Ao invés de usar o megafone SEMPRE apontado para as críticas, vamos usá-lo para DAR liberdade aos diferentes tipos de corpos e seios que existem em nós. Vamos cuidar da nossa própria vida.

Aliás, minha meta em relação aos meus seios é me libertar cada vez mais do sutiã. Já, abandonei todos aqueles que me apertavam, incomodavam e limitavam meus movimentos. Meu melhor aliado hoje em dia, são os tops: confortáveis, leves e macios, além de dar aquela sustentação básica, sem esmagar os meus seios. Pura liberdade.

Também quero andar sem sutiã na rua, sem me sentir nua. Sem que meus mamilos chamem toda à atenção como se eles fossem uma afronta aos bons costumes. Quero andar sem nenhum olhar desaprovador ou pior, aquele olhar sexual de um tarado neles.  O chamado constrangimento na alma.

Que um decote diga muito mais sobre o meu gosto fashionista, do que a minha moral. Ela é minha, assim como o meu corpo. Se eu mostro mais ou menos, ninguém tem nada a ver com isso. Tenho ódio mortal de ainda ouvir a seguinte frase, carregada de preconceito “Mas essas meninas vão pra balada com a barriga de fora e a saia cada vez mais curta”. Problema é seu meu senhor e minha senhora, se a sua mente é no mínimo retrógrada, atrasada e ultrapassada, não venha julgar a roupa alheia.

Ainda sobre peitos “Porque essa celeuma toda em relação ao visual “ousado” da Cléo?!” Os grupinhos dos moralistas de plantão do Whastapp estão neste momento passando e repassando um vídeo “indecente” dela se divertindo na night carnavalesca, devidamente com suas “tetas de fora”, como gostam de falar. Oh, que escândalo!#SQN.

Quanta incoerência. Ela está no Sambódromo, assistindo a um desfile de Carnaval, onde outras mulheres desfilam seus corpos em suas fantasias igualmente “ousadas”. Porque, ela é então, a vítima do megafone das críticas?!
Ora pois, mais um caso de falta do que fazer. Agora, o mais chocante são sempre os comentários, na sua grande maioria denegrindo a moral da pessoa. Como se a “ousadia” dela fosse um pecado ou sinal de vulgaridade. Como se a mulher tivesse nascido pra ser casta e nada mais. Como se a mulher não podesse expor seu desejo e sua sexualidade.

Enfim, só lamento. Melhoramos muito, mas ainda falta um longo caminho pra que, mulheres e homens deixem de temer essa nova mulher, cheia de desejos, segura e dona do seu próprio corpo. Afinal, Não é não. Nesse Carnaval devemos nos ater ao que realmente foi um marco, a disseminação da palavra NÃO da mulher contra o assédio, do respeito, da brincadeira sem excessos, ou do avançar do sinal vermelho.

Sobre a Sabrina, entre uma homenagem e outra (Luma de Oliveira & Duda Nagle), nada de novo. Não achei submissão, nem tão pouco, machismo às avessas, apenas um pouco de falta de originalidade. Mas como ela mesma disse “Não tem nada mais feminista do que a gente homenagear outra mulher. Não é verdade?!“, nisso concordamos, pelo menos eu concordo com ela. Acho muita evolução feminina, mulheres que se elogiam, se reconhecem e trocam opiniões civilizadamente. Afinal, não tem nada mais empoderado do que respeitar a decisão de uma mulher.

Com tudo isso, vamos recapitular algumas lições comportamentais:

  • Meu corpo, minhas regras
  • Não é Não!!
  • O corpo é meu, você não tem nada a ver com isso
  • O seio é meu, você não tem nada a ver com isso
  • Somos milhares, como pode existir apenas UM padrão de beleza a ser seguido?!
  • Leve seu megafone de críticas para o seu terapeuta, você está precisando se olhar primeiro
  • Chega de difamação moralista nas redes sociais

Alguma coisa está fora da ordem!!

Eu não espero pelo dia
Em que todos
Os homens concordem
Apenas sei de diversas
Harmonias bonitas
Possíveis sem juízo final…

Alguma coisa
Está fora da ordem
Fora da nova ordem
Mundial…

É com essa música do meu ídolo Caetano Veloso que eu começo o meu texto, não à toa o título se chama “Alguma está fora da ordem”. Enquanto o mundo, os artistas e intelectuais lutam pela liberdade da banda punk russa PUSSY RIOT, outros por aqui, mais especificamente na blogosfera lutam por ” liberdade de expressão”.

Pra entender melhor essa tal de “liberdade de expressão” fui ler o seu conteúdo na Constituição Federal de 1988, que diz o seguinte:

TÍTULO II

Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

V – o pluralismo político

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, liberdade, igualdade, segurança e a propriedade, nos termos seguintes:

IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença

Art. 220º A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.

§ 2º – É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.

Ora veja, Enquanto as meninas encarceradas na RÚSSIA lutam por sua convicção política, por um estado livre de direitos, por criticar um governo corrupto e tirano.

Aqui no BRASIL, a CreycianyKatylene está #chatiada, porque “quero criticar os sem noção e gongar aqueles que pedem pra ser gongados!”, compara ainda a sua atividade intelectual com a repressão sofrida nos anos de chumbo da ditadura militar brasileira, onde artistas, intelectuais e o povo eram torturados, exilados e mortos por compartilhar do mesmo pensamento das meninas do PUSSY RIOT, que lutam por liberdade REAL e não, essa de apenas gongar os sem noção…

ALGUMA COISA ESTÁ FORA DA ORDEM!!!!!

Foto: Instagram da anônima CREYCIANYKATYLENE