Isso mesmo, vocês não leram errado, estou falando de “desmame” materno, justamente o inverso do infantil. Não entendeu nada (óbvio), isso é uma figura de linguagem, mas que cabe tão bem no meu post de hoje. Você nem imagina, mãe.

Tenho dois filhos, amamentei os dois. O mais velho simplesmente largou o peito de um dia para o outro. A mais nova eu desmamei aos poucos antes de fazer uma viagem. Meu pediatra na época me dava conselhos e, eu tinha sempre a opinião de uma mãe que, já havia passado por essa fase pra me aconselhar.

Agora, quem aqui sabe como eu vou me desmamar deles?! meus “pequenos” jovens filhos que cresceram e estão saindo pelo mundo. Alguém com alguma simpatia boa, uma receita infalível, conselho ou informação privilegiada pra repassar para esta mãe que vos escreve?! hum?!

Eu sempre escutei falar sobre um provérbio, na verdade eu nem sei bem de quem é, mas dizem que é do Dalai Lama, ele fala o seguinte “Dê a quem você ama: asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar”. Lindo, né?! NÃO, não mesmo. Corte as asas de seus filhos agora, ainda dá tempo!!

Passamos a vida incentivando os filhos a voarem longe, o céu é o limite, falamos da satisfação em alcançar os mais altos e impossíveis sonhos enquanto se é jovem, ousado e com uma vida inteira pela frente. Enfim, enfiamos um monte de desejos inconscientes e outros conscientes, até que, de repente o filho pega a mala e vai embora, vai buscar tudo aquilo que a gente sempre repetiu como um mantra.

E nós mães, como ficamos?! eu acabo de levar a minha caçula para morar no exterior. Ela foi fazer College (faculdade) ou seja, leia-se 4 anos de curso. Estou feliz por ela, muito. Estou triste por mim, muito.
Não vou mentir, não estou preparada em cruzar pelo quarto vazio dela, não estou preparada em ficar sem dar broncas diárias nela, não estou preparada pra não fazer a nossa fofoca na cozinha no final do dia, não estou preparada para não ter companhia na manicure, não estou preparada em ficar sem os palpites fashions dela, não estou preparada para não levar chá a noite pra ela…quanto despreparo.

Enfim, por mais que, conscientemente eu saiba do valor desse passo na sua vida, minha filha, meu coração não sabe ainda, aliás ele nem faz ideia o porquê está sofrendo tanto. O fato é: ele vai sofrer, ele precisa sofrer, ninguém gosta, mas as eu vou sofrer como qualquer outra mãe nessa situação, mães sofrem. Não tenho como passar por cima dos meus sentimentos, já sou uma chorona por natureza, então esses próximos meses serão de aprendizado e várias lágrimas escorridas.

"Faz parte do "desmame", daquele que um dia eu fiz neles, 
hoje sou eu que faço em mim..."

Vai ser um trabalho árduo entre razão e a emoção. Mas a palavra de ordem será – superação – tanto pra mim, quanto pra ela em sua nova vida. Estamos em fase de adaptação, ela se virando sozinha, eu deixando de ser a responsável direta por ela, principalmente no que diz respeito a questões básicas; como alimentação (comida).

Eu não estarei ao seu lado pra levar um lanche quando a fome bater. Eu que dava o meu peito pra matar a sua fome, agora estou a quilômetros de distância (7,681 Km), sem saber se ela almoçou ou não. Esses instintos básicos da maternidade estão tão aflorados em mim, mesmo quando não estamos mais falando à respeito de crianças pequenas.

Amanhã, eu vou olhar pra trás e me sentirei mais aliviada, nada é tão definitivo nessa vida, a mãe que existe e resiste bravamente dentro de mim vai acabar se acostumando em não ser tão necessária na vida dos filhos. Minhas emoções vão se acalmar, meus sentimentos serão construtivos e a nossa simbiose um dia vai acabar.

A minha filha sempre será minha filha, fato inexorável, mas a vida é dela, não minha. E, eu sempre estarei esperando você com um chá na mão, antes de dormir pra a gente bater aquele papo entre mãe & filha.

Ps: Ainda estou aceitando sugestões, obrigada!