#Nos40DoSegundoTempo

Eu sou uma mulher Perennial

“Perennial é uma pessoa que cultiva um estilo de vida que harmoniza hábitos e gostos de diversas idades. Um movimento que não se baseia em noção cronológica, mas em identidade social.

“E quem puxa a fila são as mulheres acima dos 40. Quando chegam a essa idade, alcançam um grau de maturidade em que a aprovação dos outros deixa de ser imprescindível. Elas ficam mais leves, mais donas de si e bancam suas escolhas, mesmo que discordem da maioria”, diz a antropóloga carioca Hilaine Yaccoub”.

Quando eu li esse trecho em uma entrevista da Revista Marie Claire, me senti muito representada. Essa sou eu. Claro, só pode ser eu. Sou uma mulher da geração X, aquela que nasceu sem toda essa tecnologia de hoje em dia, mas que aprendeu a se conectar. Quando olho pra trás e me lembro quando eu aprendi a usar um email, sinto graça, inclusive aprendi a fazer coisas altamente tecnológicas nunca antes sonhadas por mim.

A mais importante dessas coisas, certamente foi criar o meu blog, penei no começo pra entender esse tal de WordPress, pra formatar as fotos, fazer as minhas montagens, me arriscar no PhotoShop, enfim me superei. Hoje, faço coisas que até Deus duvida. Verdade, sempre que “a porca torce o rabo”, eu peço ajuda para os meus universitários aqui de casa ou, chamo logo de uma vez o Well (pra me socorrer e concertar alguma cagada).

Aliás, o Wellas que eu chamo de Well é a prova cabal da minha “perenisse“. Esse meu amigo que, anda pela casa dos seus 20 anos, é solteiro, mora sozinho, trabalha, faz freelas e, ainda consegue tempo pra ser um Youtuber. “Como, ele pode ser tão meu amigo e meu parceiro de criações nas mídias sociais, às vezes eu paro e me pergunto?!” eu, uma quarentona, casada e com dois filhos, um estilo de vida completamente diferente ao dele. A resposta está na identificação social que nós temos, um pelo outro. A idade passa a ser apenas um detalhe sem importância.

Por isso, somos chamadas de “ageless” (sem idade). Não sei se essa definição é a melhor de todas, mas sei que é exatamente assim que, eu passei a me sentir, não, não sou uma adolescente, mas também não sou aquela mulher da meia idade clássica. Sou apenas uma mulher. Detesto quando leio no rótulo de um creme a palavra anti-idade, impossível passar ilesa pelo tempo, por isso esse tipo de nomeação me parece totalmente inapropriada. O tempo não dá trégua, envelhecemos sim, eu envelheci, mas não somos mais sinônimo daquela velhice pejorativa – pura e simplesmente.

"84% dizem que não se definem por sua idade"

Estar no meio da vida tem suas vantagens. Se recriar é uma delas, principalmente pra quem passou pela crise dos 40 anos, como eu. A sensação de criação, de descoberta se acentua nessa fase, não sentimos mais aquela pressão de agradar a todos. Sentimos sim, uma falta de atenção, do mesmo jeito que muitas outras mulheres que fogem de um padrão estético também sentem. A fonte da juventude não é eterna, não nos reconhecemos mais nas capas das revistas, raramente uma mulher acima dos 40 anos vai estampar uma.

"91% não acreditam que os anunciantes as entendam"

Agora, o nosso conceito em relação a vida mudou. A urgência de antes começa a diminuir e, a vantagem cronológica nos dá base pro nosso autoconhecimento, nos dá aquela audácia que antes temíamos. Passamos a ser mais livres. Hoje, eu faço um pouco de tudo. Escrevo no blog – recriei o meu estilo e o meu mote principal – voltei pra sala de aula, agora sou uma futura Coaching Holística, me vejo entre cadernos e livros sobre o assunto.

Estou aprendendo sobre Física Quântica, um tema que nunca eu poderia me imaginar estudando. Confesso, esse tema é difícil, passa pela razão e pela falta de razão, eu sei, é complicado explicar, imaginem estudar?!

Criei um projeto – #Nos40DoSegundoTempo – justamente, pra falar sobre nós. Mulheres que estão chegando, chegaram e passaram dos 40 anos. Quero mostrar a nossa cara, desmistificar os estigmas e valorizar nossa beleza.

Faço academia, mas não me mato por ela. O corpo tem sua vitalidade, mas os músculos demoram muito mais para pegar no tranco. As rugas começam a dar sinais de vida, mas meus cremes estão segurando a onda. Eu estou segurando a onda. Sei que envelhecer é parte da vida, que bom, eu estou vivendo. Tenho amigos novos e mais maduros, meus interesses não circulam em razão da minha idade e, sim pelos meus interesses. Posso sair e voltar sem culpa, viajar e demorar, sem ficar com pressa de voltar. Afinal, a casa não vai sair do lugar e meus filhos estão maiores.

“96% das mulheres de mais de 40 anos não se sentem de “meia idade”; 80% acreditam que os pressupostos da sociedade sobre as mulheres de meia idade não representam suas vidas; 67% se consideram em sua plenitude de vida”

*Estudo com 500 mulheres publicado no The Telegraph

Crise dos 40 em U

Vamos bater um pouquinho mais nesta tecla, sim. Afinal, eu que sou blogueira e 40tona, sempre tive dificuldade pra encontrar textos menos jornalísticos e mais pessoais sobe o assunto. Decidi então, que tinha chegado a hora de eu mesma falar sobre os meus, os nossos problemas que rondam esta fase da vida, de dentro pra fora.

Quando eu tinha por volta dos meus 30 anos, achava que nada mudaria, não dá pra vislumbrar mudanças nesta idade, principalmente as físicas, difícil, tudo anda muito bem, né?!. Eu lembro que costumava sair de cara totalmente limpa, hoje por exemplo, isso é quase uma raridade, acho que só faço isso nos meus momentos de rebeldia, caso contrário não largo mão do meu protetor solar, uma base leve pra ir até na academia, vejam vocês. A pressão que a gente se auto-impõe, só aumenta nesta fase da vida.

Mas pesquisando sobre o assunto, uma das lições que eu aprendi é reconheça que está em crise – coincidência ou não, escrevi recentemente um post falando da crise que estava passando AQUI – achei libertador, se eu puder usar uma expressão que demostre isso é “Eu fui com o pé no peito, confessei”. A gente fica rodando feito peru antes de aceitar que as coisas não estão como gostaríamos que estivessem, às vezes damos desculpas para os outros e achamos mesmo que são verdadeiras, ledo engano porque a conta aparece, mais cedo ou mais tarde.

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Então, vamos lá, aceite sua crise (ela vai passar…), se ela for pesada demais pra carregar sozinha, não titubeie procura uma ajuda especializada, eu sei que pode ser inviável para muitas de nós, mas então escolha aquela amiga mais sensata e desabafe. Fale tudo, chore e se dê a chance de recomeçar, mudar e arriscar. Não duvide que uma mão amiga possa ser capaz de te ajudar, uma vez ouvi a seguinte frase de Herman Hesse: “Nada posso lhe oferecer que não exista em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo além daquele que há em sua própria alma. Nada posso lhe dar, a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo e isso é tudo”, bons amigos fazem isso.

Já pra mim, foi exatamente nesta época, que eu precisei partir pra terapia, por volta dos 41 anos. Hoje estou há 3 anos trabalhando profundamente no meu processo de auto-conhecimento, posso dizer sem dúvidas que sou outra pessoa. Não que a minha essência tenha mudado, eu sou o que sou, mas meu controle interno e meu modo de agir e reagir estão aprendendo a cada dia a serem mais inteligentes e menos danosos, estou me aceitando, me encaixando no lugar que me é reservado.

Eu descobri que a crise dos 40 é como a letra U do alfabeto, o nosso grau de contentamento começa alto na vida e, com a chegada da vida adulta, ela vai diminuindo progressivamente, até atingir sua pior fase (meia-idade) ou seja, a partir dos 40 anos, minha amiga. Mas, a boa noticia é que ela volta a subir a partir dos 42 anos até a chegada dos 70 anos.

Não é fácil, mas também não é impossível passar por tudo isso. Mergulhar de cabeça nos nossos traumas, rancores, dessabores, nas nossas frustrações é sempre muito dolorido, mas eu aprendi que além de fazer parte do todo o processo, a gente acaba diluindo essa dor, até que ela não machuque mais. Acredito muito que o que a gente não cura por dentro, acaba virando doença, minha terapia tem relação direta com a medicina chinesa, aquela que faz um diagnóstico energético do seu corpo, sabe?!

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” Coaching é baseado nas transformações de obstáculos, tais como doenças físicas e emocionais, em uma poderosa energia de transformação e desenvolvimento do potencial da pessoa.
Tem o objetivo de trabalhar o desenvolvimento e a transformação das pessoas como um todo, desde as situações de conflito afetivo emocional à dificuldade na carreira profissional. Um método de autoconhecimento e desenvolvimento, ajuda enxergar as oportunidades que o cercam. É um aconselhamento pragmático, eleva a motivação, ajuda a definir objetivos, de forma a torná-los desafiadores e estimulantes; contribui para a compreensão de seus valores mais profundos, identifica os obstáculos e conflitos da Mente e por meio da formulação de um plano estratégico mental, abre as passagens para a realização de suas metas.
Desperta no indivíduo uma melhor percepção de como está seguindo sua vida”.

Enfim, os 40 anos para as mulheres são anos decisivos, convivemos com o fantasma da menopausa ao mesmo tempo que muitas ainda querem engravidar (não é o meu caso porque engravidei com 23 anos), mas já sinto alguns sinais da dita cuja, o famoso calor, nada grave ainda, mas ele está aí me rondando, pra fazer eu me lembrar que não sou mais tão jovem assim. Isso traz uma sensação de que não somos mais eternos, somos finitos. Estamos na metade.

Porém, contraditoriamente, sentimos que “temos todo o tempo do mundo”, somos mais maduras (ou pelo menos achamos) Rsrs, né?! aproveitar a vida vira o nosso mantra, o nosso lema, o nosso norte. Ser uma mulher de 40 anos, requer sabedoria, jogo de cintura e como sempre, muito bom humor, afinal, rir de si e se aceitar, ainda é a melhor terapia. #Nos40DoSegundoTempo

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