#Nos40DoSegundoTempo

O Evento #Nos40DoSegundoTempo

Finalmente, chegou o dia do meu evento – #Nos40DoSegundoTempo – podem imaginar o grau de ansiedade, desta mulher aqui?! eu tive a mesma sensação da época em que eu fazia teatro, sempre quando eu estava na coxia, faltando alguns minutos pra entrar no palco, eu sempre me fazia a mesma pergunta “Raios, o que é que eu estou fazendo aqui?!”. A ansiedade era enorme, misturada com um pavor de esquecer o texto ou encarar o público que, fazia sempre a minha pressão interna aumentar.

Enfim, falar em público nem sempre é uma experiência muito simples, na verdade pode ser aterrorizante, ela se parece muito com uma representação artística, só que, (dessa vez) o meu caso não precisava de nenhuma fala decorada. Claro, eu me preparei muito pro sábado. Estudei, escrevi todo o conteúdo do bate papo, fiz um script bonitinho pra passar para todas as minhas convidadas, mas a verdade é: o nervosismo não dá uma trégua. Quando eu falei a primeira frase, aquela aflição do começo, passou, e, foi como se eu estivesse realmente conversando com as minhas amigas sobre as nossas questões, um legítimo papo de mulheres.

Pra quem ainda não se inteirou sobre o mote do projeto, ele tem a intenção de dar mais visibilidade para as mulheres que estão chegando, chegaram e passaram dos 40 anos. Você pode me perguntar “Mas o porquê desta idade especificamente?!”, simples, a mulher passa por um processo complexo de envelhecimento. Muitas mulheres nessa fase entram em uma crise existencial, a famosa crise dos 40, onde a gente passa a se questionar e a se perguntar se fizemos tudo o que gostaríamos de fazer, se ainda temos tempo pra fazer mais, enfim são questionamentos de quem está se aproximando de meio século de vida. Eu, 45 anos.

Parece longe, mas essa idade quando chega, bate, vem sempre num momento particular da vida de cada uma. Assim, como encaramos nossas próprias questões pessoais, internas à serem resolvidas, discutidas e porque não tratadas, nós também nos deparamos com a pressão extrema, a da sociedade. Essa é uma grande questão, falta a sociedade de fato,  absorver com mais gentileza nós mulheres consideradas hoje em dia: A “Geração Ageless”.

Não nos encaixamos mais na idade cronológica do documento, temos atitudes que independem dessa condição cronológica da vida. Nossa vontade é o que prevalece, independente do que os outros pensem, por isso, não vamos nos adequar, mas sim, adequar o olhar do outro,  incorporando essa mulher em todos os lugares, seja na moda, no mercado de trabalho, na academia, no lazer ou nas capas de revistas – tão esquecidas por esses veículos – que até escrevem sobre as mulheres de meia idade, mas não nos mostram em seus editoriais e capas.

Mas, qual foi a minha surpresa ontem (antes de terminar este post), uma das 3 capas da Revista Elle do próximo mês, estampa uma mulher de 72 anosGal Costa – realmente, um fato a ser muito comemorado, afinal tendo em vista que a média das mulheres desse tipo de publicação, fica na média de 26 anos (de uma maneira geral).

Parece que alguém da Marie Claire foi ao nosso evento, hein?!

Então, vamos falar mais dele…eu queria um evento informal, nada de palestras ou monólogos intermináveis. Por isso, eu precisava de um lugar gostoso e bem aconchegante, comecei a procurar e a pesquisar por São Paulo algumas opções. Cheguei no Vila Butantan, um shopping a céu aberto, feito de containers, com uma área muito legal de Food Trucks. Gentilmente e acreditando no nosso projeto, eles nos cederam o Bar De Lá De Cima, uma área simplesmente perfeita para o que eu precisava. Pronto, o lugar estava fechado.

No dia 28 de Outubro (sábado) às 14 horas, as convidadas começaram a chegar. Pra falar comigo sobre todas essas questões, eu convoquei um trio muito especial. A Dra. Elaine (endocrinologista), A JuOzaka (esteticista e cosmetóloga) e a Simone Gutierrez (atriz, cantora e bailarina). Cada uma na sua área, contando e explicando um pouco sobre as suas percepções a respeito do tema.

O bate papo rolou solto, existiu uma troca intensa de experiências entre todas nós, muitas convidadas (que na verdade nós consideramos amigas), se sentiram muito à vontade para contar um pedaço sobre a sua vida, onde boas e más situações se misturam. O fato de estarem às voltas com os seus 40 anos ou acima deles, contaram muito a favor nos seus depoimentos. Esse é o lado bom da sabedoria nessa idade.

Estórias que preencheram a nossa tarde e enriqueceram ainda mais essa debate de ideias e opiniões. Quebramos alguns paradigmas, falamos de machismo, padrões de beleza e a perfeição irreal, envelhecer de forma positiva, de como uma mulher gorda sofre preconceito no seu meio social e profissional, enfim falamos muito e vamos continuar falando, porque certamente esse foi o primeiro de muitos outros encontros.

Eu acho, por mais detalhada seja a minha escrita aqui, as imagens falam muito mais por mim. O dia estava perfeito, lindo, sem nenhuma nuvem no céu. Uma benção da natureza pra esse projeto de empoderamento feminino e amoroso, sim, sem amor a gente não chega a lugar algum, não é mesmo mulherada?!

Minha idade não vai se adequar aos padrões de beleza e comportamento, eles que vão se adequar a mim”

LuMich


Não faltaram os mimos...
 Obrigada à todas pela presença, esse foi o nosso primeiro encontro, ansiosa para os próximos...

		
		
			
			
		
	

O meu projeto: #Nos40DoSegundoTempo

Nunca uma definição fez tanto sentido pra mim, como essa –  “ageless generation” – nesse exato momento da minha vida. Quando eu era mais nova, a insegurança era uma constante no meu dia a dia. Não que hoje eu esteja imune a ela, não é isso, eu estou mais descolada pra lidar com ela, é, diferente. Isso significa que eu estou mais madura, mais dona do meu nariz.

Os 40 anos chegaram com uma crise e mesmo assim me trouxe mais autoestima, parece paradoxal, eu sei, mas foi depois dessa crise, onde eu me vasculhei por dentro, que eu pude ver tudo o que estava errado, tudo que me incomodava ou me fazia sofrer. Foi aí que percebi o que eu estava fazendo contra mim mesma (mesmo inconsciente), mudei, não foi da noite pro dia, não foi simples, eu entrei bem profundamente por dentro dos meus sofrimentos até que, eu comecei a entender de onde vinha toda aquela minha insegurança.

A minha busca por uma aceitação geral, sempre me frustou. E, como ela não existe, porque isso é buscar o impossível, muitas vezes nos tornamos autodestrutivas. Não cheguei a nada radical, bem longe disso, mas a gente sabe o que tudo isso causa dentro de nós, não é mesmo?! então, eu só tenho que agradecer a chegada dos meus 40 anos, foram eles que me fizeram ter autoconhecimento sobre os meus sentimentos. Parei de compensar o que faltava dentro de mim, com um maior controle das minhas emoções.

Ser uma mulher considerada sem idade é muito animador. Passei a pensar no meu envelhecimento como uma forma positiva, isso virou um grande bônus. Não tem idade cronológica que possa barrar as minhas descobertas. Não acho que todos os setores da sociedade estejam alinhados com essa nova mulher, aquela que não se importa com a verdadeira idade do papel, acho por exemplo que, a moda ainda não absorveu esse conceito até a raiz. Raramente, vemos mulheres de 40 anos (pra cima), estampando as capas das revistas ou fotografando ensaios de moda. Desse jeito é muito difícil criar uma identificação com esses veículos. Somos esquecidas com frequência por eles. Eu sei, alguns estilistas “usam” mulheres mais velhas ou fora dos padrões em seus desfiles, mas isso é apenas uma parte ínfima de representação.

Com todo esse processo, eu resolvi falar sobre as mulheres da minha idade. Contar sobre as minhas angústias e felicidades. Queria dar uma maior visibilidade para nós, trocar experiências, discutir questões relacionadas a menopausa, padrões estéticos, falar da nossa aparência de uma forma positiva, enfim, falar muito e escrever sobre o tema até que, o medo de se aproximar dessa idade não nos assuste mais. Valorizar o que o temos e amenizar nossa dura crítica em nós mesmas.

Então, foi quando eu criei o – #Nos40DoSegundoTempo – acho que, o nome não poderia expressar melhorar o que queremos passar. Essa urgência que surge e parece que não vai dar mais tempo pra nada. Mas quando percebemos temos todo o tempo do mundo. Não é mesmo?!!

Esse é o nosso primeiro encontro, estou super ansiosa e contando com a presença de TODAS vocês!!! uma turma muito especial vai bater um papo bem íntimo sobre esse universo feminino dos 40, em que habitamos. Eu, a Dra. Elaine Dias, a Juliana Ozaka e a atriz Simone Gutierrez, já estamos prontas para te receber!!

Vem com a gente!!!!

Adeus, salto alto!

Eu já usei muito salto alto na minha vida, hoje faço de um tudo pra ser meu último recurso fashionista, prezo mais pelo meu conforto, mas certamente essa minha relação não foi assim tão óbvia. Ela foi muito pautada em como eu me sentia por dentro dos padrões estéticos. Sou uma mulher baixinha. Não revelo minha altura, não adianta perguntar, mas já aviso sempre dou uma arredondada pra cima.

Não quero parecer muito radical, mas convenhamos passar uma noite inteirinha em cima deles é uma tortura sem fim. Quem aqui nunca arrancou os saltos numa festa?! TODAS. Então, eu me pergunto porque raios ainda usamos eles?! porque nos submetemos a esse incômodo?!

Pior mesmo é quando começamos a usar os malditos dos saltos. Isso acontece, geralmente na adolescência e, é justamente quando a menina que ainda não sabe andar em cima deles, faz questão de usar e acaba se parecendo mais com uma pata choca. Aqui em casa, um bando delas se preparam para a balada em cima de seus saltos altíssimos, finíssimos e exageradíssimos. É, como se estivessem em cima de andaimes. Um festival de patinhas pra cima e pra baixo.

Voltando pra mim, quanto mais alto o salto, maior era o meu amor por eles (acho que a minha filha teve a quem puxar). Quando eu me recordo de alguns deles, não acredito que fui capaz de sair de casa com aquilo, eu realmente desafiava as Leis da Física. Me manter em pé, sem tombar pra frente, era sinal de muita coordenação motora da minha parte e muita determinação pra andar com aquilo por horas – eu calço número 35, só que para muitos saltos o número precisa ser menor, indo para o 34.

Realmente, um milagre nas alturas.

O tempo foi passando, eu fui “bodeando” deles. Na realidade chegar aos 40 anos – #Nos40DoSegundoTempo – me fez mudar completamente. Não foi só uma questão de bem estar, eu pude ver que os saltos falavam muito mais sobre a imagem quem eu gostaria de passar, do que realmente de mim. Eles me davam segurança pra chegar aos lugares, eles tiravam a minha vergonha, pelo menos era isso o que eu pensava e de uma certa maneira funcionava bem. Quem não se sente um mulherão em cima deles?! não era de todo ruim.

Analisando friamente, hoje eu entendo que o salto fazia parte de uma necessidade que tentava projetar muito mais uma personagem, do que uma vontade fashion em si. Por isso, hoje eu não tenho mais a necessidade de usar pra “segurar a minha onda”, não me levem a mal, isso é comigo, acho que muitas vezes nos vestimos para os outros e, quando mudamos de rota, nos vestimos para nós mesmas, tudo fica mais simples, menos mandatário, entendem?!! tudo passa a ser uma questão de autoaceitação e, em um segundo momento a gente relaxa sobre essas questões e pressões sociais.

Minha mais nova mania fashionista é trocar os meus saltos altos, por saltos pequenininhos, os chamados saltinhos de vovó. Eles são o conforto em forma de sapato, dá pra passar o dia em cima deles, sem cansar os pezinhos. E, eles não são feios, não viu?! são muito bonitinhos, aliás eu pude perceber uma onda fashionista nesse sentido, muitas marcas e designers estão dando uma atenção especial para esse tipo de salto mais baixo e mais confortável. Enfim, agora eu uso meu salto alto quando eu realmente quero, quando eu acho que dá pra aguentar, caso contrário os meus novos baixinhos estão apostos no meu closet.