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Todos sabemos que o BRASIL passa por um momento muito especial, é verdade que durante as primeiras manifestações muitas pessoas assim como eu, acreditavam que tudo não passava de movimentos radicais ligados à partidos oportunistas, onde o objetivo maior era a violência, o vandalismo, as pixações, o fechamento de importantes avenidas do estado de São Paulo, ou seja as paralisações pura e simplesmente.

Mas isso tudo não é mais novidade, podemos ler diariamente nos jornais, assistir pelos telejornais ou simplesmente passar os olhos pelas mídias sociais e ver o que todos estão dizendo “O gigante adormecido, acordou”, porém o difícil no meio de todo esse cenário novo é explicar para “as crianças” o que se passa ao redor.

Meus dois filhos em momentos diferentes me perguntaram o que eu achava dessas manifestações, me senti terrivelmente insegura para explicar, afinal sei que tudo o que nós pais ensinamos ou falamos influenciam nossos filhos de maneira muito profunda.

Não queria simplesmente ditar regra e ser dona de uma verdade suprema, quando eu mesma na verdade estava em dúvida.

Por isso, em primeiro lugar eu tentei ser muito ponderada, em seguida eu contei a respeito da minha própria experiência pessoal como estudante de Ciências Sociais, de um dia ter invadido a reitoria da universidade em que eu estudava ou ter feito parte de um outro momento histórico no Brasil, os cara-pintadas.

E eu, comecei assim – “Como todo jovem e ainda por cima fazendo uma faculdade tão social, minha sede de transformar e de mudar era gigante, imensa, eu não suportava as injustiças, os políticos corruptos, as notícias que falavam sobre as misérias mundiais ou assistir passivamente a dor de uma criança”.

“Quando o movimento dos cara-pintadas fez o seu primeiro protesto eu estava lá, porque acreditava piamente que conseguiríamos tirar o Collor do poder”, nesse momento sou interrompida por uma pergunta de um dos meus filhos, “O que ele fez?!”

Continuo dizendo “O irmão desse presidente revelou um grande esquema de corrupção contra ele e o seu tesoureiro de campanha, o que acabou se transformando em uma CPI e em seguida, pelo forte apoio popular, veio o impeachment – tiramos o presidente do poder”.

Eles continuam a me olhar e a acompanhar o meu discurso cheio de emoção, conto brevemente sobre a invasão ao qual eu participei na reitoria da minha universidade e confesso que tudo era muito mais festa do que realmente luta de direitos, enfim chego no ponto principal da nossa conversa – os protestos.

Paramos e fomos analisar algumas matérias e fotos pela internet, mostro os dois lados e espero ser interrogada por eles, o que acontece imediatamente.

As cenas de depredação chamam à atenção, o vídeo do policial militar acuado sangrando, juntamente das cenas dos manifestantes correndo ou sendo atingidos por balas de borracha e gás lacrimogêneo, começam a criar um panorama mais claro na cabeça deles, indignados com tanta violência, eles chegam na pergunta crucial que conduz toda essa polêmica cívica atual.

“Tudo isso é por causa de 20 centavos?!”

Segundos de silêncio…prefiro deixar que eles mesmos me respondam, apenas acrescento que independente do lado em que você esteja, a favor ou contra os protestos, todos os brasileiros tem um único desejo, o de transformar o país, isso eles podem ter certeza, mas que devemos respeitar a opinião alheia mesmo não concordando, afinal faz parte do processo democrático em que vivemos. Certo?!

Enfim, minha conclusão materna me diz que independente dos rumos que se seguirão daqui pra frente os protestos que hoje não são mais em São Paulo, tenho a certeza que meus dois filhos despertaram para a vida política, assim como o gigante acordou, uma nova geração também acordou, nos acostumados a tantos mandos e desmandos, agora como diria o poeta…

Brasil!
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim…

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Fotos: Cintia Trigo e reprodução