#Nos40DoSegundoTempo

De Luciana para Lucianinha

Só quem convive com uma espécie do sexo feminino em fase adolescente, sabe todas as nóias e paranóias dessa idade tão complicada, cheias de altos e baixos (ok, mais baixos), para falar de carteirinha sobre o assunto, me sinto PHD nessa matéria. Mas ao invés de falar dela e suas iguais, afinal o convívio não se restringe apenas a uma e sim, a um bando delas. Vou focar no passado, no meu passado adolescente, farei algumas comparações e farei o máximo para tentar chegar a uma conclusão que, consiga explicar este fenômeno mundial, porque certamente isso acontece em todos os países, tribos e lares ao redor dele.

Uma das situações que mais me marcou foi quando eu revi alguns amigos da época de escola, época esta em que eu não me sentia segura e principalmente era cheia de críticas em relação ao meu corpo adolescente em desenvolvimento. Durante o papo que rolava numa mesa de bar, os meninos de antigamente, hoje homens começaram a falar sobre os os meus peitos, sim peitos estes que demoraram uma eternidade para crescer. Sempre fui baixinha, pequenininha, mignonzinha e nunca tive corpo de mulherão, mas eles estavam ali e eu não percebi. Meus peitos foram apreciados pelos meninos e, eu nem fazia ideia naquela época (imagina se eu soubesse…). O porquê desse depoimento não é para valorizar os meus peitos, não preciso falar bem deles, mas pelo contrário é para mostrar como a gente sempre se vê diferente, a terrível tendência de se menosprezar. Nosso espelho interno é sempre desfocado, blur.

Tudo o que eu mais queria quando adolescente era ser “desejada pelos meus atributos físicos”, nunca tive a mínima fração de que isto acontecia comigo. Quando ouvi da boca deles, o quanto eu era “desejada”, foi como se uma ficha tivesse caído. Olhando hoje, todas as adolescentes são praticamente como eu fui no passado. Sempre nos menosprezamos, sempre. Nunca nada tá bonito, sempre o corpo da amiga (ou inimiga) é o mais bonito, mais desejado. A imposição de um padrão de beleza onde as meninas e mulheres precisam ser magérrimas, altas, saradas, de cabelos lisos, pele perfeita, criaram no nosso íntimo um sentimento de não pertencimento eterno. Nunca somos boas, bonitas o bastante para sermos desejadas, para atrair o sexo oposto. Vejo muitas meninas, que se tornaram mulheres completamente dependente de artifícios estéticos permanentemente. Como se o nosso intelecto não precisasse ser valorizado.

Mas voltando para o meu caso, será que ser adolescente hoje é pior do que eu fui?! honestamente, preciso confessar que sim, pelo menos eu acho, sinto isso. Na minha época, lá no começo dos anos 80 todos sabem que nem sonhávamos com celulares e laptops. Hoje as meninas são invadidas por imagens e notícias o tempo todo, a competição se tornou cada vez mais feroz e brutal. Meninas se odeiam com a mesma intensidade que se amam. Esse desequilíbrio não é legal pra ninguém. Por isso, a minha Luciana de hoje, falaria para a baixinha Lucianinha de ontem que, tanto sofrimento não vale a pena. Quem se importa com o tamanho dos seus peitos?! deveria ser somente você. É você, quem sabe se eles estão de acordo com a sua realização, MAS que esta realização não seja baseada  apenas para satisfazer um padrão de beleza imposto – colocar ou tirar peitos. Peito pequeno, peito médio, peito grande, cada um deles pertence a um corpo, e, acima de tudo, a uma pessoa cheia de sentimentos.

Minha adolescência teve altos e baixos. Logo no começo dos meus “teens”, eu senti muito medo, muita pressão. Com o passar dos anos, fui me descobrindo, arriscando e testando mais meus limites. Não conheço quem tenha passado por esta fase “de boa”, entre as minhas amigas, todas nós sempre tivéssemos nossas nóias. Nisso fomos iguais a “elas”. A grande diferença se formos falar do lado bom da chegada da internet, sem dúvida é a troca e a informação. Se informar sobre sexo era um tabu na minha época, nas escolas não tínhamos Educação Sexual e muito menos um apoio entre nós meninas. Falar de sexo abertamente, não rolava. Hoje não, mudou, tudo ficou mais fácil nesse sentido, a informação esta no toque mágico do mouse, nas rodas de amigas, nas escolas, obviamente falo de uma realidade pela qual eu pertenço, sei que muitas meninas ainda são tolhidas dessas informações, muitas delas se casam inclusive na adolescência – mas isso seria um outro post.

Acho que da mesma forma como cuidamos da saúde e do corpo, indo a ginecologista ou à academia, deveríamos cuidar da nossa saúde mental, esta que por vezes é deixada de lado por todas nós. Seria tão bom, se as escolas integrassem uma matéria dedicada ao nosso desenvolvimento interno, as questões de autoestima, as pressões dos padrões de beleza, a descoberta de uma nova releitura estética múltipla, afinal aprender matemática, física ou português nada adianta se não estamos bem emocionalmente. Adolescentes são seres em desenvolvimento, demandam atenção, muita, muita, muita, muita paciência. Seus dilemas são sempre dramas mexicanos, com finais trágicos dos filmes B Hollywoodianos, aqueles cheios de sangue por todos os lados.

Então, minha Luciana deixa aqui seu último conselho para a minha Lucianinha (e que, sirva para as “teens” de hoje). Nunca se separe de você mesma, você pode tudo e FODA-SE o resto!! Quem tem que gostar dos seus peitos, bundas, pernas e barriga é VOCÊ, se receber um elogio por isso, beleza, legal, mas não se esqueça, lá dentro precisa estar regado, caso contrário fica oco/vazio, e, como sabemos um tronco oco, morre.

#GIRLSCANDOANYTHING

A minha evolução fashion – Feliz Dia das Mães!!

Antes de começar a escrever este post, preciso esclarecer que ele será dividido em 2 partes: A.B e D.B.

A.B. Significado: antes de ter bebê
D.B. Significado: depois de ter bebê

LuMich – A.B.

LuMich – D.B.

Depois de ter filhos, eu além de me “tornar uma pessoa melhor”, como já dizia a Galisteu. Eu, me transformei “fashionisticamente” falando, passei por vários estilos, tais como:

1- Riponga – na época do teatro, era fácil me encontrar vestindo saia comprida indiana e sapatinho chinês, comprado na Liberdade.

2- Surfistinha – eu não entrava no mar por nada nesse mundo, mas quem me visse jurava que eu fazia parte da tribo, cabelos à la californiana, short jeans, regata e biquíni por baixo sempre.

3 – Patricinha – Fase das boates, das calças de marca, de preferência Zoomp ou Forum e London Fog nos pés, claro (pronto, entreguei a minha idade).

4 – Alternativa– essa foi a fase em que eu vivia no eixo São Paulo/Bahia, muito vestidinho florido e havaianas.

Enfim, passei por várias fases quando adolescente, mas num belo dia me tornei mãe e minha confiança fashionista foi pras cucuias, me deu um tilt na maneira como eu me via, passei a achar que eu deveria ficar mais séria, afinal apesar da pouca idade, eu era mãe, né?!

Passei anos sem me encontrar, até que passei a entender que o fato de ser mãe, não necessariamente significava que eu tinha me tornado uma matrona séria e caretona.

Voltei aos pouco às minhas origens e comecei a fazer as pazes com o meu estilo, é fato que ter feito consultoria de imagem, me ajudou a entender o que era estilo e como ter um.

Até hoje, as dúvidas me acompanham, só que agora por outros motivos, como por exemplo: será que eu ainda posso me vestir assim, afinal meus filhos cresceram?!

Toda essa ladainha fashionista, só serve na realidade pra dizer, que ser mãe é BOM DEMAIS – com ou sem estilo!!!

UM FELIZ DIA DAS MíES!!!

Foto: Rebeca Figueiredo, DQZ e ilustração Paty Vitali