#Nos40DoSegundoTempo

Final de Semana Holístico

Dizem agora que, estamos todos entrelaçados. Esse não foi um final de semana comum, foi muito especial. No começo achei que seria apenas uma imersão de estudos sobre o Coaching Holístico (Terapia Holística), mas foi muito mais que isso, foi profundo e visceral.

Nos reunimos na fazenda do Dr. JouChan Tao – na Serra do Japi. O lugar é um paraíso, MAS não pega sinal de celular. “Vocês podem imaginar isso?! eu, blogueira 24 horas por dia, completamente desconectada”. Quase infartei, tá não infartei só porque já haviam me prevenido desse detalhe tão desagradável.

Já ouviram sobre a fama dos chineses?!

Tudo verdade, eles não param e trabalham sem parar. Essa “chinesada” como o próprio Dr. Jou se refere, não se cansam nunca (mas essa brasileira, sim). Foram dias de muitos estudos, vivências e práticas. Umas me tocaram imediatamente, outras ainda estão sendo absorvidas. Alguns aprendizados precisam de mais tempo pra fazer sentido, pra maturar e pra serem aceitos.

Um desses aprendizados (que eu venho trabalhando) só fez sentido hoje e, por mais que ele seja de uma simplicidade, não é assim tão simples de passar por ele, o sofrimento. Alcançar a nossa paz de espírito e a nossa prosperidade, inevitavelmente, passará pelo sofrimento. Caso eu insista em não aceitar, quem me vence é ele, e, tudo se transforma em ódio. Ódio que cega, que te faz ainda mais refém da sua infelicidade e frustração, aquela que vai te vitimizar pra sempre e tornar você uma pessoa autodestrutiva. Sofrer e crescer.

Por isso, não dá pra sustentar uma esperança ou uma promessa de que tudo vai passar, mudar e melhorar, sem o sofrimento ou sem o esforço – ao contrário do que nos foi ensinado – A esperança acaba sendo apenas uma espera longa. É, viver por algo que não existe e não está ali. Esperar. Uma promessa em vão.

Dura lição, eu sei, mas importante. Isso não significa viver sem a espiritualidade e a fé, são duas coisas distintas. Continuem orando, mas não se apeguem a esperança. Mudem. Ninguém muda por você.

Parece simples esse conceito, mas levou algum tempo pra ser aceito. “Cronos era o rei dos titãs e o grande deus do tempo, sobretudo quando este é visto em seu aspecto destrutivo, o tempo inexpugnável que rege os destinos e a tudo devora. Quando eu me apaguei na ideia equivocada de sentar e esperar pela minha hora, não fiz mais do que prolongar minha angústia. Por isso, colega, corre atrás ou você vai ser devorado por suas crenças.

Não faça como a maioria faz. Não crie recompensas pelo sofrimento como forma de aliviar a dor interna – Não avance sobre a comida, não consuma desesperadamente, não ande com a sua Ferrari acelerando pelas ruas chamando à atenção a sua volta – “Não vai passar a vida criando mecanismos de compensação ao invés de se sentir útil, né?!”. Quando eu me sinto útil eu me transformo, atraio a prosperidade e me realizo como pessoa.

Lições à parte, vamos falar do outro lado desse experiência -as pessoas a sua volta – aquelas que agora, estão entrelaçadas comigo. Minhas roomies foram – Andreia e Kat – dormimos no mesmo quarto. Aliás, fomos e voltamos juntas no mesmo carro. Na estrada, já começamos parte do nosso processo de autoconhecimento, porque obviamente fizemos a nossa terapia feminina. Questões a serem resolvidas ou já resolvidas, as estórias de cada uma de nós sendo analisadas minuciosamente pelas futuras Coacher. Não posso deixar de falar dos meus outros colegas,  das Tanias (T1 e T2), do Ricardo, da Maria Angelica, enfim levo um pouco de sabedoria de cada um deles comigo.

Não sei dizer exatamente o que eu mais gostei durante esse final de semana, talvez as vivências tenham sido mais profundas pra mim, mas as aulas e a convivência não ficaram atrás no quesito importância. Sempre rola uma cerimonia no sábado. O Dr.Jou e sua equipe holística fazem todo um ritual, se apresentam na sua melhor forma entre os vários tipos de arte marcial.

Domingo. Tudo acaba, com muitos abraços e alguns choros, mas não sem aquele ritual final. Usamos espadas chinesas pra isso e nos casamos com a nossa prosperidade. De agora em diante, o sofrimento não nos assusta mais, vamos encará-lo de frente e buscar o nosso propósito de vida. Cheguei profundamente exausta em casa, mas de alma lavada.

Eu sou uma mulher Perennial

“Perennial é uma pessoa que cultiva um estilo de vida que harmoniza hábitos e gostos de diversas idades. Um movimento que não se baseia em noção cronológica, mas em identidade social.

“E quem puxa a fila são as mulheres acima dos 40. Quando chegam a essa idade, alcançam um grau de maturidade em que a aprovação dos outros deixa de ser imprescindível. Elas ficam mais leves, mais donas de si e bancam suas escolhas, mesmo que discordem da maioria”, diz a antropóloga carioca Hilaine Yaccoub”.

Quando eu li esse trecho em uma entrevista da Revista Marie Claire, me senti muito representada. Essa sou eu. Claro, só pode ser eu. Sou uma mulher da geração X, aquela que nasceu sem toda essa tecnologia de hoje em dia, mas que aprendeu a se conectar. Quando olho pra trás e me lembro quando eu aprendi a usar um email, sinto graça, inclusive aprendi a fazer coisas altamente tecnológicas nunca antes sonhadas por mim.

A mais importante dessas coisas, certamente foi criar o meu blog, penei no começo pra entender esse tal de WordPress, pra formatar as fotos, fazer as minhas montagens, me arriscar no PhotoShop, enfim me superei. Hoje, faço coisas que até Deus duvida. Verdade, sempre que “a porca torce o rabo”, eu peço ajuda para os meus universitários aqui de casa ou, chamo logo de uma vez o Well (pra me socorrer e concertar alguma cagada).

Aliás, o Wellas que eu chamo de Well é a prova cabal da minha “perenisse“. Esse meu amigo que, anda pela casa dos seus 20 anos, é solteiro, mora sozinho, trabalha, faz freelas e, ainda consegue tempo pra ser um Youtuber. “Como, ele pode ser tão meu amigo e meu parceiro de criações nas mídias sociais, às vezes eu paro e me pergunto?!” eu, uma quarentona, casada e com dois filhos, um estilo de vida completamente diferente ao dele. A resposta está na identificação social que nós temos, um pelo outro. A idade passa a ser apenas um detalhe sem importância.

Por isso, somos chamadas de “ageless” (sem idade). Não sei se essa definição é a melhor de todas, mas sei que é exatamente assim que, eu passei a me sentir, não, não sou uma adolescente, mas também não sou aquela mulher da meia idade clássica. Sou apenas uma mulher. Detesto quando leio no rótulo de um creme a palavra anti-idade, impossível passar ilesa pelo tempo, por isso esse tipo de nomeação me parece totalmente inapropriada. O tempo não dá trégua, envelhecemos sim, eu envelheci, mas não somos mais sinônimo daquela velhice pejorativa – pura e simplesmente.

"84% dizem que não se definem por sua idade"

Estar no meio da vida tem suas vantagens. Se recriar é uma delas, principalmente pra quem passou pela crise dos 40 anos, como eu. A sensação de criação, de descoberta se acentua nessa fase, não sentimos mais aquela pressão de agradar a todos. Sentimos sim, uma falta de atenção, do mesmo jeito que muitas outras mulheres que fogem de um padrão estético também sentem. A fonte da juventude não é eterna, não nos reconhecemos mais nas capas das revistas, raramente uma mulher acima dos 40 anos vai estampar uma.

"91% não acreditam que os anunciantes as entendam"

Agora, o nosso conceito em relação a vida mudou. A urgência de antes começa a diminuir e, a vantagem cronológica nos dá base pro nosso autoconhecimento, nos dá aquela audácia que antes temíamos. Passamos a ser mais livres. Hoje, eu faço um pouco de tudo. Escrevo no blog – recriei o meu estilo e o meu mote principal – voltei pra sala de aula, agora sou uma futura Coaching Holística, me vejo entre cadernos e livros sobre o assunto.

Estou aprendendo sobre Física Quântica, um tema que nunca eu poderia me imaginar estudando. Confesso, esse tema é difícil, passa pela razão e pela falta de razão, eu sei, é complicado explicar, imaginem estudar?!

Criei um projeto – #Nos40DoSegundoTempo – justamente, pra falar sobre nós. Mulheres que estão chegando, chegaram e passaram dos 40 anos. Quero mostrar a nossa cara, desmistificar os estigmas e valorizar nossa beleza.

Faço academia, mas não me mato por ela. O corpo tem sua vitalidade, mas os músculos demoram muito mais para pegar no tranco. As rugas começam a dar sinais de vida, mas meus cremes estão segurando a onda. Eu estou segurando a onda. Sei que envelhecer é parte da vida, que bom, eu estou vivendo. Tenho amigos novos e mais maduros, meus interesses não circulam em razão da minha idade e, sim pelos meus interesses. Posso sair e voltar sem culpa, viajar e demorar, sem ficar com pressa de voltar. Afinal, a casa não vai sair do lugar e meus filhos estão maiores.

“96% das mulheres de mais de 40 anos não se sentem de “meia idade”; 80% acreditam que os pressupostos da sociedade sobre as mulheres de meia idade não representam suas vidas; 67% se consideram em sua plenitude de vida”

*Estudo com 500 mulheres publicado no The Telegraph

Ódio e amor pela minha ginástica

Eu nunca fui uma apaixonada pelos esportes. Fato. Eu bem que tentei entrar pro time de vôlei da escola, mas o que eu consegui foi apenas ficar no banco de reservas, confesso eu era muito ruim, não tinha força nos braços para os saques, quem diria para as recepções, o resultado eram braços super vermelhos de tanta pancada.

A aula de educação física era uma sofrência só, pensa numa pessoa que entrava na quadra contando os minutos pra aula terminar?! Eu, sempre, tinha horror dos polichinelos, ódio mortal das corridas em volta da quadra, detestava os abdominais (inclusive até hoje) afinal, tem coisas que não mudam jamais. Eu achava tudo muito chato pro meu gosto juvenil.

Sempre preferi a dança aos esportes. Tanto é que me deram o apelido de “Flashinha” na escola, eu dançava nas aulas de educação física (sempre que o professor virava as costas). Ok! Quem não entendeu o apelido, ele remete a década de 80, quando o filme Flash Dance fez o maior sucesso. Dê aquela googada básica pra saber do que se trata.

Enfim, quando eu me livrei das aulas de ginástica do colégio, olhem a ironia do destino, resolvi eu entrar na academia por livre e espontânea vontade . Isso mesmo que vocês leram, na academia. Sabe aquela fase, onde todo mundo começou a frequentar academias e existia uma aula de aeróbico, onde a galera fazia um tipo de coreografia toda sincronizada?! eu entrei nessa vibe, queria virar “rata de academia”, usar biquíni asa delta e arrasar na praia. Foi esse o motivo que me levou à academia. Pura vaidade e falta de personalidade.

Meu plano seria perfeito se eu fosse “aquela esportista”, que eu nunca fui. Em um ano pagando todo santo mês a mensalidade, eu devo ter ido umas 5 vezes no máximo. Minha vontade de ser “rata”, esbarrava na minha preguiça diária  de ir treinar. Cada dia eu inventava uma desculpa mentalmente, para não ir. Sendo assim, não foi dessa vez que eu virei uma “rata de academia”, toda sarada. E quer saber de uma coisa?! realmente na época eu não me importava, mas isso não significava que eu vivia em paz com o meu corpo. Sempre tinha um defeito pra eu olhar.

Os anos foram passando e eu tive dois filhos. Aí não teve mais jeito, chegou a hora, nada de querer virar “rata de academia”, simplesmente era necessidade em voltar ao peso e a forma de antes. Aliás, preciso atualizar os termos da área das academias, agora o termo é virar fitness. Na academia, dessa vez eu fui me endireitando, comecei a me forçar a ter uma rotina de exercícios e, olha que eu consegui frequentar com regularidade a academia, viu?!

Ela passou a fazer parte do meu dia a dia. Eu me tornei uma aluna assídua, com isso eu comecei a ver as mudanças no meu corpo, Fiquei animadinha e passei numa nutricionista, mas na real, lá no fundo, eu nunca estava  100% satisfeita. E, desconfio que essa insatisfação é quase geral, não existe mulher que consiga ficar feliz – incondicionalmente – com o próprio corpo, a gente sempre quer mais.

Eu comprovo o que digo, quando vejo as fotos de antigamente, elas fazem a gente se questionar com perguntas do tipo “Nossa, olha como eu era magrinha, meu corpo era tão bom e eu não me dava conta”. É sempre assim, o nosso padrão de perfeição é muito alto, ele sempre nos leva a frustração eterna. A regra é essa, quando a coisa está boa, a gente não consegue se reconhecer nela. Mas quando a coisa está ruim, a gente aponta o dedo na ferida e não para nunca mais de sofrer.

Uma vez me elogiaram na academia, fiquei muito sem graça e apesar de ter recebido um elogio maravilhoso sobre meu corpo, afinal eu estava lá pra isso, em busca do tão sonhado estilo “fitness” de ser, no fundo eu não acreditei no elogio. Impressionante como a parte emocional do nosso cérebro, insiste em sentir o contrário da realidade. Você sabe que está bem, mas sente que não esta. A pressão entre as mulheres é grande, corpos esbeltos são mostrados nas mídias e, na minha cabeça seria muita pretensão eu achar que poderia alcançar esse corpo. Sempre desconfiei de mim.

Hoje, sou uma mulher na casa dos 40 anos, já engordei, já emagreci, já entrei na menopausa precoce, já quis fazer plástica na barriga, já pensei em milhares de soluções pro meu “problema”, mas no fundo nada disso tem a ver com o corpo, e sim, com a autoestima. Foi só quando eu me dei conta desse GRANDE detalhe é, que ficou mais simples a minha relação com o meu corpo. Isso não quer dizer que eu não estou nem aí, mas sim que, agora eu me permito relaxar,  me permito ser imperfeita, não ligo para os padrões que me escravizam. Se eu não consigo ir na ginástica (como hoje), não fico me cobrando ou me torturando psicologicamente. Não deu, não quis, seja lá qual foi o motivo, meu corpo não vai desabar por isso. Óbvio, eu mantenho uma frequência, controlo na medida do possível minha alimentação, passo na endocrinologista, faço tratamentos estéticos, mas não exijo mais “aquela” perfeição de antes, que era impossível de alcançar.

O fato de odiar esportes e academias no passado, sempre foi motivo de cobrança interior. Porque eu não gosto de fazer ginástica?! porque fulana gosta?! quando vai chegar o momento em que, eu vou treinar 2 horas por dia, além de treinar nos fins de semana, comer frango com batata doce e adquirir uma barriga sarada, cheia de gominhos?! Eu mesma respondo, nunca, never. Não me interessa essa vida, eu não gosto. Fato. Por isso, eu não posso me cobrar ter um corpo perfeito, um corpo que precisa de dedicação  full time, um corpo que tiraria de mim, muito da minha alegria de viver. Isso é irreal

É verdade, eu fico feliz, me sinto bem quando emagreço, mas controlo a minha frustração quando engordo. Não posso deixar de ser feliz por isso, até porque eu vou emagrecer/engordar outras tantas vezes. Essa é a vida. Não vou, não quero me privar de uma sobremesa, de um belo jantar e uma taça de vinho. A ginástica hoje pra mim, serve como fator de saúde e manutenção, nada de almejar virar a mais nova blogueira fitness do pedaço. Continuo dormindo até mais tarde nos sábados, domingos e feriados, frequentando apenas durante a semana a academia. Alguns dias eu dou cano mesmo, ainda mais quando meus filhos entram de férias, parece que eu vou no embalo deles.

Agora, não me peça pra jogar, isso mesmo, eu não jogo nada, continuo detestando esportes em geral, meu negócio é aula de corrida (dentro da academia e com ar-condicionado)/musculação (com personal e reclamando a cada minuto) e, olhe lá, que tá bom demais. Nada de tristeza, meu corpo agradece e não reclama das gordurinhas extras, ou melhor minha autoestima, porque é essa que eu preciso exercitar frequentemente, sempre. Mente sã e corpo são, como diria o filósofo romano Juvenal.