#Nos40DoSegundoTempo

Um mar de pagodas – Yangon

Quando você viaja para um país novo, tudo é novidade, não é mesmo?! depois de alguns dias viajando pela Ásia, tive certeza, que esta seria a viagem das Pagodas e dos Budas. Não consigo me lembrar, quantos de cada um deles, eu vi, simplesmente, foram muitos.

Yangon04 Por isso, vou falar sobre as 3 mais importantes Pagodas de Yangon, que são elas: Shwedagon Pagoda, Sule Pagoda e Chauk Htat Pagoda.

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A mais suntuosa de todas, sem dúvida alguma. Foi uma das poucas pagodas, que precisei passar por uma revista mais rígida, antes de entrar. Em seguida, fui alertada sobre o código de roupas proibidas, dentro da pagoda-  é levado bem a sério, viu?!. Imediatamente, me pediram para cobrir as minhas pernas de fora (vestia shorts), tive que amarrar um lenço da cintura até os pés, e, é claro andar descalça.

Enfim, vamos aos números, afinal quanto maior e mais cheia de coisas, melhor, né?!

Com 99 metros de altura, a 51 metros do nível do mar, ela pode ser vista há quilômetros de distância. A stupa inferior é revestida com 8,688 barras de ouro sólido, a parte superior com outros 13.153 barras de ouro. O perímetro da base é de 1.420 metros de altura e 326 pés acima da plataforma.

A ponta da stupa é alta demais para, o olho humano conseguir discernir qualquer detalhe, formada por 5448 diamantes, 2317 rubis, safiras e outras pedras preciosas, além dos 1065 sinos de ouro. No topo, um único diamante de 76 quilates. Tá bom, pra vocês?!!

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Reza a lenda…A história sobre a fundação da Shwedagon, tal como consta do Hmannan Mahayazawindawgyi (The Great Glass Palace Chronicle), compilado no início dos anos 1830, por uma Comissão Real composta por monges sábios, brâmanes e estudiosos, diz  o seguinte:

Segundo a história budista, a mais de 2500 anos atrás, PrinceSiddartha havia atingido o estado de Buda, após a realização das “Quatro Nobres Verdade”, que são:

1. A vida significa sofrimento.
2. A origem do sofrimento é o apego .
3. A cessação do sofrimento é atingível.
4. O caminho para a cessação do sofrimento

Tapussa e Bhallika, dois irmãos mercadores de Asitanjana, que viviam no país Mon, realizaram uma tradicional viagem, feita por navios e por mais de 500 carroças.

Assim que chegaram, debaixo da árvore linlun, onde Buda estava sentado – isso aconteceu no 49* dia, após a sua Iluminação – os dois irmãos lhe ofereceram bolos de mel.

Depois que Buda havia comido os bolos, os dois irmãos pediram um presente vindo do próprio. Foi quando, Buda passou a mão sobre sua cabeça e, entregou oito fios de cabelos aos irmãos. O cabelo sagrado eram oito longos “fingerbreadths Majjhimadesa”.

Os dois irmãos, em seguida, retornaram como haviam vindo (por meio de navio e carroças), transportando os cabelos sagrados em uma caixa de rubi. No caminho, eles se encontraram com o Rei do Ajjhatta, que solicitou e recebeu deles, dois dos cabelos sagrados. Enquanto viajavam de navio, eles alcançaram o Cabo Negraisat na extremidade sudoeste de Myanmar, uma Naga Rei (Serpente) chamada Jayasena, obteve mais dois cabelos sagrados e os levou para o país Naga de Bhumintara.

Os dois irmãos, em seguida, colocaram a caixa de ruby contendo os restantes quatro cabelos sagrados em uma pilha de pérolas em forma de pagoda e informaram ao Rei do Ukkalapa, em questão. O rei veio com os quatro braços da guerra – elefantes, cavalos, carruagens e soldados – e, fazendo um voto (promessa), pagando reverência no sentido horário da Pagoda de Pérolas, conseguiu restaurar os cabelos sagrados ao seu número original de oito.

O rei e os dois irmãos, em seguida, trouxeram os cabelos sagrados de volta para Asitanjana. Em Asitanjana, Sakka, rei de Devas, o Rei do Ukkalapa e os dois irmãos decidiram consagrar os oito cabelos sagrados, no monte de Singuttara a leste da Asitanjana, onde também foram consagradas as relíquias dos três Budas anteriores à Gautama.

A consagração teve lugar no dia da Lua Cheia de Tabaung, uma quarta-feira. Sakka, o rei dos Ukkalapa e os dois irmãos fizeram uma câmara relíquia. A câmara relíquia foi preenchida até os joelhos com as jóias de todos os tipos; sobre estes foram colocados um navio de jóias e as relíquias dos quatro Budas.

A laje de pedra coberta de ouro foi colocada sobre a câmara relíquia e sobre ela foi erguida uma pagoda dourada. A pagoda dourada foi envolta em uma pagoda de prata, em seguida, em uma pagoda de ouro e ligas de cobre, em seguida, por uma pagoda de bronze, em seguida, pela pagoda de ferro, em seguida, pela pagoda de mármore, e , finalmente, em uma pagoda de tijolo.

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Sule Pagoda fica localizada no centro de Yangon, exatamente na junção das avenidas Sule Pagoda Road e Mahabandoola Road. É um monumento, onde a maioria dos visitantes estrangeiros passam despercebido.

Eu, mesma não dei muita atenção, mas é a única peça central da capital, além de refletir o cotidiano do povo. Curiosamente, ele é cercado por pequenas lojas que oferecem serviços não-religiosos, tais como astrólogos, quiromantes e, assim por diante.

Reza a lenda… foi construído antes da Pagoda de Shwedagon, durante o tempo do Buda, tendo mais de 2.500 anos de idade. Sem mais.

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O highlight desta pagoda é sua estátua de Buda Reclinado de 73 metros de comprimento e 20 metros de altura, certamente uma das maiores e mais significativas do país. A imagem original foi construída em 1905 e depois reformada em 1935.

Reza a lenda…eu não achei nenhuma informação sobre a sua história, que fosse relevante contar aqui. Mas posso afirmar, a estátua é realmente GRANDE, fora isso o lugar não se parece em nada com um templo sagrado – pelo menos, para as minhas concepções ocidentais – tudo é muito colorido, cheio luzes e nada silencioso, que me trouxesse uma sensação de sagrado. Enfim, apenas uma opinião.

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Os pés indicam os 108 símbolos auspiciosos de Buda

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Fotos: DQZ/Reprodução

Le Plaunteur & Yangoods surpreendentes…

Durante meus dias em Yangon, minha rotina era quase sempre a mesma: acordar muito cedo, tomar café da manhã no hotel, entrar no ônibus com o meu grupo e, partir para os nossos passeios diários. Por isso, a gente não podia esquecer nada, caso contrário ficava sem.

Eu sempre fazia o meu check list pela manhã – lente de contato, caixinha da lente, soro para a lente, óculos com grau, óculos escuro sem grau, óculos escuro com grau, carteira, câmera fotográfica, celular, bateria extra para celular, batom e eu acho, que era tudo isso, o que eu precisava para passar o dia tranquila.

Mesmo assim, tudo isso não adiantou nada, porque justamente no dia em que tínhamos um jantar bacana, mais arrumadinho, não tivemos tempo de voltar para o hotel para dar um tapa no visual – nem o batom, deu um up pra essa carinha cansada.

Enfim, nosso ônibus estacionou a alguns metros de distância do restaurante (não dava pra entrar, na estreita rua de terra) e lá fomos nós, andando até o restaurante. Confesso, que não esperava muita coisa, afinal até então, todos os restaurantes que havíamos ido, eram bem “normais”, simples mesmo, sem nenhum luxo, mas todos serviam uma comida local e bem feita, por isso a minha descrença.

Quando eu passo do portão, tenho uma grata surpresa. Um restaurante francês lindíssimo, nos aguardava. Voltando um pouquinho no tempo, pela manhã, uma instafriend que por coincidência estava pela Ásia, me recomendou um restaurante, mas como estou em um grupo, muito provavelmente seria impossível sair do roteiro. E qual não foi a minha surpresa?! era o mesmo restaurante.

Devo dizer que naquele instante, me senti em qualquer lugar do mundo, menos em Yangon. Aquilo era completamente discrepante do resto da cidade inteira. Um belíssimo casarão, ao melhor estilo britânico colonial, nas margens de um lago. Eu pensei “Para, não pode ser verdade!!”.

Não dá pra descrever, sem mostrar a foto do lugar, olhem vocês mesmo e entendam a minha reação.

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Estão vendo?! eu não menti. Não é escandalosamente incrível, um restaurante desses onde o Índice de Desenvolvimento Humano é de 0,583 e o país ocupa o ranking de 132* (de 177 países listados)?! chego a uma conclusão: o mundo é surpreendente e, é por isso que eu amo tanto viajar por ele.

O Le Planteur existe desde 1998, nos seus primórdios, suas instalações eram bem mais modestas, encontrar o caminho do restaurante, pela rua estreita e irregular em Yangon, era quase como uma caça ao tesouro. Oito anos depois o restaurante foi relocado para uma casa maior, na estrada Kabar Aye Road.

Recentemente (pouco menos de um ano), o Le Planteur se mudou novamente, dessa vez para a tal bela casa do lago, Inya Lake, 80 University Avenue.

* Le Planteur  possui um equipe de 56 pessoas sob a direção de seu proprietário chef Boris Granges e Ma Myint Eja, o diretor operacional há 18 anos. A cozinha está sob os cuidados de Emmanuel Delorme e o serviço sob a direção de Kyaw Oo Thein por quase duas décadas.

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Where to eat in Yangon? Le Planteur’s best!
The Wall Street Journal

Porém, sabe aquela poesia do Drummond?! sim, aquela mesma. Então, Tinha uma lojinha no meio do caminho, no meio do caminho tinha uma lojinha. Minha gente, uma lojinha das mais fofinhas (dentro do próprio restaurante),  tudo muito surpreendentemente. Eu sei, eu sei, pareço meio sem vocabulário, repetindo as palavras, mas como definir tamanha surpresa, hein?!

A mulherada foi em massa visitar a lojinha, que ficou pequena para tantas brasileiras ávidas por novidades asiáticas. Diferente do artesanato local, este era mais refinado, bem acabado e de maior qualidade. Procurei saber sobre a marca e descobri que um trio de mulheres: uma francesa, uma birmanesa e uma sul-coreana se juntaram para criar ao Yangoods, que vende até pela internet.

O lema da marca é a mistura da herança cultural de Myanmar, seus heróis, seus símbolos e relíquias, aliados a arte do século XXI, mostrados de uma maneira vintage, ou seja, um monte de coisinhas bonitinhas para a decoração de casa, acessórios, bolsas, necessaries e souvenirs.

O que eu mais achei legal, foram as almofadas da marca, que inclusive fazem parte da decoração do restaurante, em questão. Levei duas pra minha casa (deveria ter levado mais), que já estão enfeitando o meu quarto.

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Fotos: DQZ/Reprodução

Yangon – cidade do passado

Grande expectativa para chegar a Yangon, afinal essa seria a nossa primeira cidade em Myanmar. Saímos do aeroporto direto para o mercado, não dava pra perder tempo com check- in, isso ficaria pra depois. Aliás, a nossa viagem foi marcada pela correria, nada de perder tempo com bobagens (aja, fôlego).

Pela livrinho que a nossa agência de viagem nos mandou, a descrição da cidade era a seguinte:

The streets of downtown Yangon overlooking City Hall and Sule Pagoda

“Yangon, ex-capital de Myanmar (hoje a capital administrativa fica em Nay Pyi Daw) é também o principal ponto de entrada no país. Foi fundada pelo Rei Alaungpaya em 1715, junto a uma pequena comunidade chamada Dagon.

O nome Yangon significa “Fim do Conflito”, mas foi anglicizado – V.pr. Tomar caráter inglês, imitar os costumes ingleses – para Rangoon, depois da ocupação britânica, em 1885. Possui hoje uma área de 350 km˙ em 14 metros de altitude e uma população de cerca de 5 milhões de habitantes.

A população da cidade é uma mistura de britânicos, birmaneses, chineses, indianos, entre outros, e, é conhecida por sua arquitetura colonial, que apesar de decadente, continua a ser um exemplo quase único de uma capital colonial britânica do século XIX. Yangon continua a ser uma cidade do passado”.

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Ok, descrição na cabeça, estava na hora da realidade. Durante o começo do nosso percurso, nada me chamava muito à atenção até passarmos por uma avenida, onde ficavam a maioria das embaixadas, na verdade os escritórios de representação – no caso, durante a ditadura militar, o país recebeu duras sanções e com isso, rompimento das relações diplomáticas com a maioria dos países – o Brasil estava lá, localizado em uma bela casa.

O trânsito era um tanto caótico, os carros bem mais para os velhos do que para os novos. As edificações bastante castigadas pelo tempo e falta de manutenção, o que acabou me passando uma sensação de pobreza (além da conta), não que eu esperasse uma cidade rica e próspera, mas fiquei um pouco receiosa e pensativa, “será que eu só veria aquilo?!”

Enfim, primeira parada, como eu já havia dito, Mercado de Bogyoke. Umas das grandes atrações turísticas de Yangon. Localizado bem no centro da cidade. Seu antigo nome era Scott, chamado durante a época colonial britânica, mudado para Bogyoke, em homenagem ao famoso general Aung San, assassinado em 19 de julho de 1947.

Muito popular entre os turistas, contém uma grande variedade de tecidos, artes e artesanato, souvenires de toda espécie, pedras e jóias, além de perucas, é claro. Sobre os preços, pouco posso comentar, acabei comprando algumas pulseiras “supostamente” de pedras e uma peruca rosa, ainda estava apanhando com o dinheiro local, uma confusão de zeros, que honestamente, se eu paguei muito caro, nunca vou saber, melhor.

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Depois da farofa que foi nossa passagem pelo mercado, tudo começou a ficar mais bonito. Viramos atração por onde andávamos. Passamos pelo parque da cidade e em seguida, entramos numa pagoda. O calor que fazia era infernal, uma umidade insana, que fazia nossa roupa colar no corpo. Nada de pernocas de fora, pelo menos para entrar nos templos dê um jeitinho de se cobrir, amarre um lenço ou passe calor com uma calça comprida. Afff.

Para mudar a minha primeira impressão do lugar, no dia seguinte fomos conhecer uma vila de pescadores, lugar como posso dizer, bem real, rural, onde a vida acontece do jeito que sempre foi. Pegamos o ferry, atravessamos o rio Yangon e quando eu percebi, estava sentada no rickshaw de um menino andando pelo povoado, aliás uma procissão de turistas andando em fila indiana.

Andamos por vários lugares, passamos em frente as casas dos moradores, estes continuavam a fazer suas tarefas do dia a dia, mas não sem antes nos sorrir e nos cumprimentar, com seu gostoso “Mingalaba”Nossa parada principal, foi em uma escola monástica para pequenas crianças carentes, cuidadas pelos monges. Quanta doçura. Recebemos tanto carinho e amor daquelas crianças, que a vontade era levar uma meia-dúzia delas comigo.

Pouco a pouco, a minha sensação em relação aquela cidade foi mudando. Eu não enxergava mais aquela pobreza como algo horroroso, que eu não poderia suportar conviver. Passei a enxergar com outros olhos, talvez quando a gente se distância das nossas origens e passa a ter uma visão menos comprometida, menos imparcial, a sensação muda, você absorve aquilo com mais naturalidade e menos preconceito.

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Fotos: DQZ/Reprodução