#Nos40DoSegundoTempo

Sobre Mães & Nomes

Quando eu engravidei milhares de coisas passaram pela minha cabeça, medo de não dar conta do recado, inseguranças naturais de qualquer mãe de primeira viagem, ansiedade com a chegada do parto, enfim tudo o que qualquer mãe passa. Nada diferente ou anormal, sensações iguais às todas as mães desse mundão.

Agora, se tem um detalhe que nos diferencia entre nós – mães, esse detalhe fica por conta da escolha do nome dos nossos filhos. Uma escolha muito pessoal e, é sempre cheia de histórias. Por isso, vou começar lá de trás essa minha narrativa, começando pela a minha avó, que se chamava Dirce, hoje em dia você certamente não verá uma bebê com esse nome, por ser um nome antigo e registro de uma outra época passada. Não faço ideia de quem escolheu o nome dela, mas um dia ainda faço uma pesquisa sobre essa escolha.

Enquanto isso, vou dizer o porquê do nome da minha mãe e suas irmãs (ao todo são 4 mulheres e 4 homens). Todas se chamam Maria, são elas; Ramira Maria, Regina Maria (minha mãe), Evangeline Maria e Salete Maria. Segundo meu tio Raul, o primogênito entre os irmão, naquela época era comum as mães oferecerem suas filhas a Nossa Senhora, Maria mãe de Jesus Cristo, na hora do batismo.

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Agora, segundo minha tia Ramira o segundo nome Maria para todas elas, era de propósito e significava praticidade, como eram muitos filhos e filhas ficava mais fácil chamar por uma Maria, que todas elas respondiam de uma só vez.

Se a minha avó escolheu pra minha mãe e suas irmãs Maria, a minha mãe escolheu pra mim e minha irmã Ana, a mãe de Maria. A minha mãe – Regina – fez uma votação na maternidade, estava entre dois nomes: Juliana e Luciana. Deu Luciana no placar final e, por isso esse é o meu nome. Aliás, na década de 70 esse nome era um sucesso, tive muitas amigas com o mesmo nome.

Chegou a minha vez de ser mãe e escolher o nome dos meus filhos. Pro meu primogênito estávamos num empasse, eu queria um nome e o pai outro. Quem acabou decidindo foi a numerologia. Fomos fazer uma consulta com um numerólogo, ele era super velhinho e atencioso, fez um monte de contas e pra dar o “número perfeito”, o nome que eu tinha escolhido era o ideal. Resultado, venci e o nome ficou duplo, diferente e especial Pedro Jos, não, não é José pai de Jesus. É, J.O.S.

Já a minha filha a história foi outra, nem o meu e nem o nome do pai, davam o “número perfeito” pela numerologia. Ah, claro, se eu escolhi o nome de um filho desse jeito, não poderia escolher de outro o nome da segunda filha.

Voltando ao nome, começamos a dizer os outros nomes da nossa lista, mas eles não davam a conta perfeita, tentamos de tudo, nome de avó, de tia, de mãe e, nada funcionava. Eu já estava exausta, grávida de 7 meses, estava quase desistindo, quando o Seu Nuno – aquele mesmo numerólogo velhinho e atencioso – me disse assim “Eu vou te dar um nome, que vai ser o melhor pra sua filha”.

Pois bem, ele fez umas contas e escreveu no papel Cora Nina. Naquele momento em que eu ouvi esse nome, me apaixonei imediatamente, meu marido também. E foi assim, que eu escolhi o nome dela. Essa foi a história do nome dos meus filhos, do meu nome, do nome da minha mãe. Cada mãe e suas escolhas, desde de sempre, com muito amor ❤️

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**Minhas Marias, Anas e Josés…

 

Menopausa, um outro ponto de vista

Tudo começou assim, pelos clássicos calores ou fogachos. Do começo do ano pra cá, eles se intensificaram, eu confesso que até achei graça no começo, afinal estar na sala de casa, todo mundo assistindo TV com frio debaixo das cobertas e, eu de sutiã me abanando de calor, querendo abrir janela, porta e ligar o ar-condicionado, foi diferente. Típica cena de quem começa a se deparar, com uma palavra até então proibida no MEU dicionário feminino.

Menopausa, mas já?! será?! se eu não tivesse tirado um dos meus ovários em janeiro, jurava que “aquele” calor fazia parte de qualquer condição médica passageira na minha vida. Só que não, alguns outros sintomas davam sinais de que meu organismo estava mudando. Claro, fui bater na porta do consultório da Dra Elaine Dias, minha primeira queixa ainda era sobre o meu peso “Não consigo emagrecer”, certa de que o problema seria por conta da tireóide, precisei fazer um monte de exames de sangue, hormonais.

Engraçado que na hora da abertura da ficha, para realizar meus exames, a atendente me perguntou se eu estava fazendo tratamento de fertilização. Respondo que não (e, bato na madeira).Passado um mês da minha consulta, era hora de levar os resultados dos exames e ver o meu progresso, ou não, né?!

As primeiras notícias foram ótimas, meu colesterol tinha baixado significativamente, assim como a minha tireóide passou a responder super bem ao medicamento, enfim o que tinha que subir estava subindo e o que tinha que descer, estava descendo. Só que de repente, uma ruguinha surgiu no semblante da Dra Elaine, ela começou a falar dos meu hormônios e, eu logo soltei “Entrei na Menopausa?!”.

Sim, eu havia entrado na Menopausa, pela minha idade – 44 anos – ela é considerada precoce. Diante de uma revelação dessa natureza, eu naquele momento só confirmei as minhas suspeitas. Ela me explicou todo o processo e os efeitos, o ganho de peso abdominal passou a fazer todo sentido agora, junto com a dificuldade terrível pra emagrecer, além das minhas oscilações de humor, fadiga, enxaquecas.

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Conversamos bastante sobre os possíveis tratamentos, ainda ficamos de bater o martelo em relação a reposição hormonal, por enquanto vou fazer uso de um tratamento mais natural. Esse é a parte prática  de toda essa questão, agora qual seria a parte emocional dela?! porque no momento da revelação eu não senti nada, nenhuma tristeza passou pela minha cabeça.

Se eu tiver que nomear a Menopausa nesse momento, assim como eu faço na minha terapia holística, onde eu dou nome pra várias áreas da minha vida pessoal e profissional, seria – ALÍVIO – sim, isso mesmo, você não leu errado.

Nós mulheres passamos a vida toda sendo as protagonistas, no quesito prevenção da gravidez, não conheço mulher que nunca tomou um susto, não conheço quem desejasse parar de tomar anticoncepcionais e não o fizesse, diante da dificuldade em contar com o apoio do parceiro, estamos sempre diante de escolhas: usar DIU que libera hormônios, ou DIU que aumenta o nosso ciclo menstrual?! escolhas que supostamente deveriam ser feitas por duas pessoas, se torna responsabilizada de uma. Ok, você vai falar que existe camisinha, sim existe, mas sabemos que muitas de nós precisamos usar mais de um método contraceptivo pra ficar tranquila, isso sem contar com a pressão do parceiro pra deixar de lado o uso da mesma.

Enfim, quem é mulher sabe de tudo isso, sabe dos prós e contras de cada método. Eu engravidei (no susto) muito cedo, com 23 anos, tive dois filhos e fechei a conta. Não queria mais filhos. Sempre ficava com receio, toda vez que a minha ginecologista falava “Se quiser ter filhos é só tirar o DIU, você é super fértil”. Pra muitas mulheres, isso seria música para os ouvidos, pra mim, não.

Agora, diante da menopausa me sinto livre pra NÃO ter medo. Livre pra relaxar, livre pra ter certeza que sexo (agora) pra mim, é só prazer em tempo integral. Meu lado feminista vibra. #Nos40DoSegundoTempo.

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Minha auto sabotagem e o fim da maldição

Se alguém aqui se encaixar nessa situação, que eu vou narrar a seguir, saiba que não somos os únicos, somos muitos e tamô juntos. Um milhão de coisas pra fazer e, eu mal consigo sair da cama pra tomar meu café da manhã. Sabe aquele dia preguiçoso – guardem bem esse adjetivo na memória, vou falar dele novamente – que promete ser de pura inércia, onde a energia parece que escorre pelos poros?! então, esse dia já aconteceu comigo muitas vezes.

O primeiro diagnóstico que eu costumava fazer para facilitar a minha vida era sempre médico, afinal tudo fica muito mais fácil se o problema for doença (veja bem, doença do tipo básica e costumeira) e não complicada, ou também pode ser de outra natureza (tipo espiritual), porque parte da solução é simples de resolver, vai lá, toma um remedinho pra gripe ou toma um passe. Claro, eu não vou mentir, sou um pouco hipocondríaca, coisa de família, minha avó adorava comprar remédios, sua gaveta da cômoda era repleta deles. Hoje, a minha está quase como a dela, mais um pouco e eu chego lá.

Segundo diagnóstico pode ser cansaço, exagerei na ginástica e estou quebrada. Ops, mas eu não exagerei, então essa desculpa não serve. Outra boa desculpa é a insônia, claro, tem dias que acontece mesmo, mas tem dias que a gente só dormiu mais tarde, nada que justifique todo esse cansaço. Por isso, o cerco começa a se fechar, eu começo a ter que me questionar de maneira mais profunda. Será que eu estou procastinando?!

O dicionário diz o seguinte: Procrastinar é o ato de adiar algo ou prolongar uma situação para ser resolvida depois. A procrastinação é um comportamento considerado normal ao ser humano, no entanto pode ser muito prejudicial quando começa a impedir o funcionamento de rotinas pessoais ou profissionais.

Pronto, chegamos no ponto. Quando começa a atrapalhar e atrasar a vida, essa “preguiça” tem outro nome. No meu caso, tudo ficava pra amanhã ou depois de amanhã (de preferência). Minha preguiça era tanta, que até marcar um simples exame médico, passou a ser extremamente incomodo, mas o pior era quando o dia do “tal” exame chegava, que “preguiça”.

Comecei a analisar essa situação de sempre estar sem vontade, sempre deixar tudo pra depois e cheguei a uma conclusão “Eu estou me sabotando”. Essa minha apatia e desmotivação não eram normais, tudo bem a pessoa ter “preguiça” muitas vezes, mas sempre não pode estar certo. É, nessa hora que a gente precisa escarafunchar a vida, a minha energia estava alterada, assim como a minha consciência. Eu precisava mudar. Fato.

Sempre desconfiei, que essa sensação não era apenas falta de organização em coordenar as minhas tarefas cotidianas, administrar meu tempo de maneira mais eficaz no trabalho ou ter mais concentração e menos dispersão durante o dia. Tudo estava diretamente ligado ao meu emocional. Aprendi, que a gente só anda pra frente, quando olha pra trás.

E foi assim, olhando pra trás, resolvendo minha pendências do passado, que eu comecei a sair do lugar. Hoje, percebo o quanto evolui, minhas tarefas estão cada vez mais coordenadas com meu tempo, a disciplina que faltava antes, agora já dá sinais constantes na minha vida. Consigo otimizar muito mais meu dia e me imponho metas a serem cumpridas, se não consigo realizar todas, isso não é mais um sinal de decepção, não me abalo facilmente, apenas mudo para o outro dia, sem cobranças rigorosas e auto-destrutivas.

Foi tentando entender essa minha “preguiça”, era assim que eu chamava, que eu entendi não ser simplesmente uma preguiça, era um grande desânimo, uma enorme apatia, que na verdade era uma auto sabotagem, uma culpa enorme tomava conta da minha vida e da minha mente, não deixando eu andar pra frente. Precisei entender meus motivos pra poder caminhar, muitas vezes essa procrastinação tem um fundo emocional, esse foi o meu caso, quem sabe você não analisa por esse lado e descobre a sua fuga, ou como quiser chamar.

Minhas crenças me limitaram por muito tempo, acreditei piamente não ser capaz de realizar muitas tarefas e, que faltava capacidade em mim pra realizar outras tantas, hoje percebo o quanto essas crenças limitadoras, foram fruto do meu pensamento viciado. Aprender a romper esse padrão é uma libertação, uma espécie de fim da maldição. Só sei que agora, me sinto mais leve e muito mais livre.

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